quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O CRISTÃO E A PENA DE MORTE




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O CRISTÃO E A PENA DE MORTE

Nos últimos dias, o debate político no Brasil parecia polarizado entre o “discurso de ódio” e a “mensagem do amor”. Dizer que os rótulos são superficiais é reafirmar o óbvio. Nem tudo se resume a uma visão dialética de amor e ódio. Onde fica a justiça?
Alguns pregam o amor com sinceridade, mas há quem use o argumento apenas como desculpa para se perpetuar no poder, defender criminosos e continuar explorando a população.
Se pudéssemos voltar ao passado e presenciar o duelo entre Davi e Golias, o pacifismo extremo poderia nos levar a defender o gigante que, se pudesse, mataria o pequeno pastor sem o menor constrangimento.
Recentemente, muitos se manifestaram, até em nome de Jesus, defendendo uma pretensa visão cristã que tudo aceita e tudo perdoa, mas precisamos examinar as Escrituras, para ver se as coisas são realmente assim.
Embora não vivamos sob a lei de Moisés, “toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar”... (2Tm.3.16). Portanto, não podemos descartá-la, mas precisamos aprender com ela e procurar compreendê-la na medida do possível.
Muitos já questionaram a coexistência entre o mandamento “não matarás” (Ex.20) e as ordens que Deus deu para exterminar algumas pessoas e povos. Como se pode conciliar tudo isso? Até onde podemos compreender, temos aqui o confronto de duas realidades. Uma coisa é a proibição do homicídio, outra é a pena de morte. Tal ambiguidade encontra-se ainda hoje na legislação de alguns países, como os Estados Unidos da América, sem que se veja nisso qualquer paradoxo.
Então, podemos sair matando por aí? De modo nenhum. A proibição do homicídio é para o indivíduo, enquanto a pena de morte é prerrogativa do Estado. Não podemos misturar estas coisas, como ocorreu no embate político recente.
Embora a lei de Israel estabelecesse a pena de morte para diversos crimes, a pena para o homicida é anterior a Moisés, tendo sido determinada pelo próprio Deus, logo após o dilúvio.
Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn.9.6).
Mesmo no Novo Testamento, a validade da execução permanece, conforme as palavras de Cristo e do apóstolo Paulo:
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mt.26.52).
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz em vão a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm.13.3-4).
O fato de Jesus ter poupado a mulher adúltera não anula a possibilidade da pena de morte para os homicidas, conforme já demonstrado.

O ENSINAMENTO DE CRISTO

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão” (Lc.6.37).

A quem Jesus disse estas coisas? Aos seus discípulos e não a qualquer pessoa, conforme lemos em Lucas 6.20. Certamente, estas palavras são extensivas a todos os cristãos em todas as épocas, mas NÃO PODEM SER APLICADAS COMO POLÍTICA DE ESTADO. Os magistrados não podem deixar de julgar e condenar os culpados nem passar a soltar todos os presidiários. Isto tornaria inviável qualquer sociedade.
O indivíduo deve ter o amor como base do seu relacionamento com o próximo, mas o Estado precisa exercer a justiça. Onde o amor predominar, a justiça deixará de ser dura, não por mudança na lei, mas pela ausência de necessidade. Se o amor entre os indivíduos evitar os homicídios, o Estado não precisará executar a pena de morte, caso esteja prevista em lei. Logo, o amor cristão pode transformar comunidades de baixo para cima e não de cima para baixo. A legislação não deve ser feita com amor nem com ódio, mas com justiça.

O PAPEL DA IGREJA

Igreja não é tribunal. Seu papel é pregar o evangelho, demonstrar o amor e dar oportunidade a todos. Não somos o Estado.
Jesus perdoou e salvou um dos ladrões que foram crucificados com ele, porém, não impediu sua morte. A salvação da alma não preserva necessariamente o corpo.
É verdade que a pena de morte pode dar lugar a eventuais injustiças, pois o sistema judiciário é falível, mas não podemos negar que, aqueles países que a adotam têm o direito de fazê-lo, inclusive com respaldo bíblico.

Pr. Anísio Renato de Andrade

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

PALAVRAS, APARÊNCIA E CARÁTER




Ora, a serpente era mais astuta que todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
E disse a mulher a serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.
Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn.3.1-7).
Embora sejamos livres para fazermos as escolhas que determinarão o rumo das nossas vidas, também somos alvos de influências diversas, que podem nos desviar e fazer errar. Aqueles que querem interferir nas nossas decisões têm grande chance de sucesso quando falam o que queremos ouvir, o que corresponde aos nossos desejos e necessidades, os quais se tornam terreno fértil para o engano.
Se alguém nos oferece exatamente o que desejamos, a probabilidade de aceitarmos é grande, principalmente quando avaliamos a mensagem sem examinar a fonte. Palavras certas podem esconder propósitos errados. Palavras boas podem disfarçar desejos maus.
Até Satanás é capaz de prometer coisas boas, falar algumas verdades e proferir lindos discursos. Todo cuidado é pouco. Contudo, a sabedoria evita o engano.
O inimigo disse: “Seus olhos serão abertos”, e foram mesmo. Era verdade, mas ele não falou o que esses olhos veriam nem quantas lágrimas derramariam.
Além das palavras, a imagem se apresenta como grande força silenciosa. Por esta causa, o marketing, usado para o bem ou para o mal, depende, quase sempre, do design com suas formas artísticas e cores vibrantes. Até no mundo animal, muitos predadores possuem beleza que atrai e seduz. É o caso de algumas serpentes, com suas peles coloridas. Deus as criou assim, mas ele também nos deu inteligência para não sermos vítimas desses animais. Afinal, não somos ratos.
Não podemos nos deixar levar por palavras e aparências. Precisamos examinar o caráter. Isto pode exigir tempo. Portanto, decisões rápidas representam maior risco. Refletir alguns dias pode significar a diferença entre o céu e o inferno.
Não confie cegamente em vendedores, marketeiros, políticos, líderes religiosos ou pretendentes de todo tipo. Entre eles existem representantes de Deus, emissários de Satanás ou simplesmente pessoas comuns. A generalização de qualquer tipo é um erro que deve ser evitado. É preciso ver além das promessas e da imagem, para se detectar a essência, o caráter e o propósito. A história e o comportamento são boas fontes de informação nesse sentido, embora nem sempre acessíveis.
Por que alguém deveria confiar em Noé? Seu propósito era salvar vidas e não explorá-las.
Por que os israelitas deveriam confiar em Moisés e não em Faraó? Moisés era hebreu. Faraó era egípcio. Um queria libertar o povo; o outro queria mantê-los escravizados, embora pudesse oferecer-lhes tantas coisas boas.
Voltando ao jardim… Depois de ouvir a mensagem promissora e agradável, Eva deveria ter parado para refletir sobre o caráter do mensageiro: “A serpente, sagaz, astuta e venenosa”. Não sabemos se a mulher tinha todo esse conhecimento, mas ela conhecia a palavra de Deus, e isto seria suficiente. Nunca saberemos tudo, mas se obedecermos a palavra de Deus, estaremos seguros.
Pr. Anísio Renato de Andrade

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A INTERVENÇÃO NECESSÁRIA




Em situações normais, não gostamos de interferências. Queremos ser independentes e há quem diga, com alguma grosseria, que cada um deve cuidar apenas da sua própria vida. Entretanto, em caso de aperto e desespero, as intervenções são muito bem-vindas. Quando a situação é grave, pedimos socorro à polícia, aos bombeiros, aos vizinhos ou a qualquer pessoa, mesmo que seja estranha. Se alguém é refém de criminosos, qualquer auxílio é valioso e uma equipe de resgate é recebida com grande alegria. As cirurgias também são exemplos de intervenções, temidas e evitadas, mas desejáveis quando imprescindíveis.
A bíblia nos traz diversos exemplos de situações extremas, nas quais uma intervenção se fazia necessária:
- Por ocasião da destruição de Sodoma, dois anjos foram enviados para libertar Ló e a sua família.
- Quando Daniel estava na cova dos leões, Deus enviou um anjo para protegê-lo.
- Quando a escravidão dos israelitas no Egito tornou-se insuportável, eles clamaram a Deus, que enviou Moisés para livrá-los.
- O livro de Juízes nos mostra diversas situações de aperto na história de Israel, quando o povo clamou ao Senhor e ele interveio através dos seus servos: Otniel, Eúde, Sangar, Débora, Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ebsã, Elom, Abdom e Sansão.
- A maior intervenção divina na história da humanidade foi a vinda de Jesus Cristo ao mundo para morrer em nosso lugar e perdoar os nossos pecados. Durante o seu ministério, ele fez inúmeros milagres, que também são intervenções na ordem natural das coisas.
Algumas interferências celestiais ocorrem apenas pela vontade de Deus e no tempo determinado por ele, mas, em muitos casos, dependem do clamor humano. Este é um dos fatores que tornam a oração tão importante, necessária e, quiçá, urgente.
Mas precisamos ver a quem estamos clamando. Muitos clamam aos líderes, aos deuses e ídolos, mas devemos orar ao Senhor. Os israelitas erraram algumas vezes, ao pedirem ajuda a outras nações, cuja interferência trouxe novos problemas (2Cr.28.16; Is.31.1-3). Em algumas situações, sobretudo de ordem espiritual, o socorro humano é vão (Sal.60.11). Certo episódio da história de Israel ilustra bem este conceito:
E sucedeu, depois disto, que Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército; e subiu e cercou a Samaria. E houve grande fome em Samaria, porque eis que a cercaram, até que se vendeu uma cabeça de um jumento por oitenta peças de prata, e a quarta parte de um cabo de esterco de pombas por cinco peças de prata. E sucedeu que, passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou, dizendo: Acode-me, ó rei, meu senhor. E ele lhe disse: Se o Senhor te não acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar”? (2Rs.6.24-27). Em seguida, ocorreu a intervenção divina, os inimigos foram vencidos e houve grande fartura na cidade.
Todavia, o clamor requer humildade. O arrogante é incapaz de pedir ou suplicar, pois a sua soberba não lhe permite. É necessário o reconhecimento da necessidade e da fraqueza, mas os orgulhosos não clamam, senão em situações extremas. Por isso, Deus permite que elas ocorram.
É interessante a experiência de Josafá que, embora fosse rei de Judá, não se julgou tão grande que dispensasse o auxílio divino. Diante das ameaças dos inimigos, clamou ao Senhor e recebeu grande livramento:
E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados” (2Cr.20.22).
Em alguns casos, Deus não intervém, pois a sua ajuda significaria a interrupção de um processo necessário como foi, por exemplo, a crucificação de Jesus. Eu sempre ajudo o meu filho, mas não posso interferir quando ele está fazendo as provas escolares.
Contudo, devemos sempre orar, seja por questões pessoais ou coletivas, lembrando a palavra do Senhor, que diz:
E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2Cr.7.14).
Pr. Anísio Renato de Andrade