terça-feira, 17 de maio de 2016

O SEMEADOR, A SEMENTE E O SOLO




Disse Jesus: "O semeador saiu a semear" (Mateus 13.3). Não se espera que ele semeie dentro de casa. É preciso deixar a zona de conforto para fazer o trabalho. O comodismo impede grandes realizações.
Em primeiro lugar, a parábola refere-se ao próprio Jesus, que deixou a sua glória e veio à terra trazer as boas novas de salvação. Os primeiros versículos do mesmo capítulo dizem que ele saiu de casa naquele dia e começou a pregar.
A parábola ainda nos diz que uma parte da semente caiu à beira do caminho e foi comida pelas aves; outra caiu entre as pedras e brotou, mas a planta foi queimada pelo sol; outra parte caiu entre os espinhos, que a sufocaram, mas algumas sementes caíram em boa terra e produziram com abundância.
Será que o semeador não conhecia o terreno? Sim, ele conhecia. Jesus não estaria falando de um profissional desqualificado, distraído ou irresponsável. Nós, na qualidade de pregadores do evangelho, podemos não conhecer os nossos ouvintes, mas Jesus é o semeador que conhece bem o solo do coração humano. Se ele podia lançar todas as suas sementes em boa terra, por que não o fez? Para dar oportunidade a todos. Por isso ele disse: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Mc.16.15).
Se a semente não brotou, se os resultados não vieram, ninguém pode culpar o semeador ou a semente. O semeador é bom. A palavra de Deus é a boa semente, mas que tipo de solo nós somos? Cada um deve examinar a si mesmo e não transferir a culpa para outra pessoa. O erro de muitos é esperar um fruto que não corresponde à natureza da semente. É o caso de quem tem uma visão materialista do evangelho.
O solo pedregoso se caracteriza pela superficialidade. A semente não penetra. É o coração duro, apesar da aparente receptividade.
O solo espinhoso já está ocupado por uma planta. Jesus disse que os espinhos representam os cuidados desta vida e sedução das riquezas. Não existe espaço para a divina semente.
O solo à beira do caminho representa aqueles que não entendem a mensagem e isto se torna oportunidade para a ação de Satanás (Mt.13.19).
Naturalmente, todos se consideram boa terra. Difícil é alguém reconhecer suas pedras, espinhos ou falta de compreensão.
Diante desses fatos, surge a incômoda pergunta O solo pode mudar? Se isto não fosse possível, estaríamos anulando a esperança que o evangelho anuncia.
Se na agricultura humana existem tratamentos para melhorar o solo, certamente o agricultor celestial, que é também nosso Pai, tem seus meios para nos transformar (João 15.1), mas o tratamento pode ser árduo e significar perdas. Permitir que Deus arranque pedras e espinhos é a difícil decisão de quem deseja ser uma boa terra. Este processo envolve a disposição para ouvir a repreensão e abrir mão de coisas, relacionamentos e hábitos condenados pelas Escrituras. Muitos rejeitarão tamanha intervenção em suas vidas. Foi o caso do jovem rico que precisava renunciar à sua riqueza para seguir o Mestre. Aquele episódio mostrou que a mudança do solo é possível, porém difícil.
Aos que aceitarem o tratamento e a boa semente o Senhor garante uma grande colheita.
Pr. Anísio Renato de Andrade