quinta-feira, 9 de março de 2017

A BLASFÊMIA DO FILHO DE SELOMITE



Como vemos no livro de Êxodo, houve um processo árduo para a saída dos israelitas que eram escravos no Egito. Nesse tempo, Deus enviou dez pragas e deixou bem clara a separação entre hebreus e egípcios (Ex.8.22; 9.26).
Houve, porém, uma mulher israelita, chamada Selomite, que envolveu-se com um homem egípcio. Tal relacionamento era incoerente com a realidade em que viviam, estava na contramão do propósito de Deus.
Qual seria a justificativa para isso? Amor? Interesse material? Paixão? Desejo descontrolado? Não sabemos. Nada indica que eles tenham se casado, mas o fato é que tiveram um filho.
Aquela relação era bem condizente com o nome da mulher, cujo significado é “pacífica”. Talvez muitos a elogiassem por sua atitude conciliatória com o povo opressor.
O que fizeram não deve ter sido ilegal, pois ainda não existia a lei de Moisés para tratar deste tema (Dt.7.1-4), mas nem tudo que é permitido é bom. Nossas leis hoje também são brandas e omissas em tantos assuntos, mas nossas consciências, iluminadas pela palavra de Deus e pelo Espírito Santo, devem nos ajudar a ter um padrão de vida superior. Por exemplo, hoje em dia, adultério, prostituição e uso de drogas não são crimes, mas quem comete tais coisas não deixará de sofrer os efeitos correspondentes.
A moça não foi condenada por seu comportamento, mas as consequências seriam implacáveis.
Finalmente, Selomite saiu do Egito e atravessou o Mar Vermelho. Aleluia!  O filho, cuja idade não sabemos, também saiu. O pai ficou, pois não deixaria sua nação para viajar pelo deserto com outro povo.
Ocorreu, portanto, a separação definitiva daquele casal, como mais um efeito do relacionamento indevido.
O filho, vivendo entre os jovens israelitas no deserto, parecia igual a eles, até o dia em que se envolveu numa briga no meio do acampamento. É nessas horas de crise que o caráter se manifesta.  O filho de Selomite desentendeu-se com um israelita. Não sabemos o motivo nem quem estava com a razão e isto pouco importa, mas o problema é que o moço blasfemou contra Deus.  Veio à tona a influência paterna, a herança egípcia. Ainda que todo o povo tivesse alguma coisa do Egito em seu jeito de ser e viver, blasfemar não seria permitido.
Observamos, naquele episódio, os possíveis efeitos nefastos do jugo desigual, ou seja, da união entre crente e incrédulo. A mãe, uma israelita legítima, não conseguiu influenciar o filho nem ensinar-lhe o caminho do Senhor.
O rapaz foi detido por sua blasfêmia, mas, durante o tempo de prisão, parece não ter se arrependido do pecado. Então, Deus ordenou que ele fosse apedrejado até a morte, e assim foi feito (Levítico 24.10-16, 23). Vemos que o filho foi o mais prejudicado pelo relacionamento errado de seus pais.
Hoje também, nenhum cristão está impedido de casar-se com pessoa de outra crença ou sem crença. Temos, porém a recomendação de Paulo, que escreveu:
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (2Co.6.14).
Não se trata de preconceito nem falta de amor, mas sim o propósito de se evitar uma série de problemas no relacionamento e na vida dos filhos. “É para a paz que Deus nos chamou” (1Co.7.15).
Quer namorar? Quer casar?  Prefira alguém que crê em Deus e que vai com você para Canaã.


Pr. Anísio Renato de Andrade

quinta-feira, 2 de março de 2017

OFERTAS PROIBIDAS



No tabernáculo de Moisés e no templo de Salomão, nem toda oferta era bem-vinda. Afinal, este era um assunto sagrado. A oferta deveria ser pura e santa no que diz respeito à sua procedência e qualidade. Não era permitido que qualquer um fizesse qualquer coisa para Deus de qualquer jeito e em qualquer lugar. Animais imundos não serviam para o holocausto. O que não convém à mesa não convém ao altar. Algumas ofertas financeiras eram proibidas, como se lê na seguinte passagem bíblica: "Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus" (Deuteronômio 23:18). A palavra "salário", usada para o pagamento dos trabalhadores, parece indicar que, já naquele tempo, as prostitutas eram "profissionais do sexo". Mesmo que trouxessem todo o salário como oferta, o mesmo não seria aceito. Nenhum dinheiro compra o perdão. O “sodomita” é o homossexual. A palavra vem de “Sodoma”.
Era uma situação tão grave que era preferível quebrar um eventual voto a trazer esse tipo de contribuição. O texto de Deuteronômio nos mostra que algumas pessoas poderiam querer combinar a vida de pecado com a vida religiosa, como se uma coisa justificasse a outra. O profeta Malaquias também repreendeu os judeus porque, na sua época, eram levados como oferta animais doentes, cegos, aleijados e até roubados (Mal.1). Deus não quer oferta roubada. Haveria uma frase mais óbvia para se dizer? Ele não quer o produto da corrupção. Malaquias 3.10 não serve para justificar dízimos e ofertas do dinheiro sujo. Esse tipo de critério evitaria muitos problemas hoje. Batismo, ceia e oferta são igualmente sérios e assim devem ser tratados. No contexto judaico, um dinheiro ganho com o pecado era maldito, não seria aceito por Deus, pois contaminaria o santuário e os sacerdotes que dali comiam. Façamos uma comparação: Até para doação de sangue existem critérios. Alguns doadores são rejeitados, por maior que seja sua boa vontade. Nem adianta dizer que se vai doar 5 litros. A contaminação deve ser levada a sério. Não temos na bíblia o ensino de que qualquer oferta possa ser santificada pela oração (como acontece com os alimentos). Isto seria a verdadeira lavagem de dinheiro. Se o templo recebesse o salário da prostituta, isto significaria conivência e aprovação da atividade. O problema não está no dinheiro, mas no pecado envolvido. Se não houvesse tal restrição, o efeito contrário poderia ocorrer: o estímulo à prática pecaminosa. No Novo Testamento, Jesus nos ensina a coerência entre a oferta e a vida: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta" (Mateus 5:23,24). Poucos anos depois, os principais sacerdotes seriam protagonistas da maior incoerência da história. Depois de haverem pago 30 moedas de prata pela traição de Judas, não quiseram receber o dinheiro de volta, dizendo: “Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue” (Mateus 27.6). Portanto, aqueles que deveriam ser os guardiões da pureza do templo, tornaram-se a própria fonte da corrupção. O dinheiro não entrou no cofre do templo, mas foi administrado pelos sacerdotes, constituindo, assim, uma espécie de caixa 2. O cofre foi poupado, mas suas mãos e seus corações já estavam contaminados antes disso. No livro de Atos, encontramos uma reação interessante quando alguém ofereceu dinheiro para receber o poder de Deus: "E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro... Mas Pedro disse-lhe: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro" (Atos 8.18,20). E assim, Pedro continuou "sem prata e sem ouro", mas cheio do Espírito Santo. Se Ananias e Safira vivessem hoje, morreriam ao ofertar ou seriam elogiados e honrados? Existe ainda uma espécie de "prostituição espiritual", quando as pessoas se vendem e ficam reféns dos que compram. Então, não podem mais dizer a verdade e vivem na obrigação de agradar e bajular. Esse negócio de achar que o dinheiro é neutro, que “não tem cheiro”, como disse Vespasiano, já derrubou a muitos. Os políticos que o digam. Doação nem sempre é bênção. Por isso, Abraão rejeitou as riquezas do rei de Sodoma (Gn.14) e Eliseu não quis a recompensa de Naamã (2Rs.5). Ninguém precisa investigar a origem do dinheiro ofertado, nem deveria receber tudo de todos como se fosse um coletor de lixo. A ignorância pode ser compreensível, mas algumas vezes é apenas uma desculpa por conveniência. Diante de tudo isto, cabe observar que Deus perdoa, salva e transforma ladrões, prostitutas e homossexuais para que possam trazer o fruto de um trabalho digno diante do Senhor, sendo que a principal oferta que ele deseja é o nosso coração. Pr. Anísio Renato de Andrade