terça-feira, 2 de maio de 2017

A VERDADEIRA ALEGRIA




“Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria” (Salmo 100.1-2).


A alegria é o brilho da vida, um prazer simples que indica satisfação e contentamento. Precisamos de muitas coisas neste mundo, mas, sem alegria, tudo perde a graça e o sentido. Podemos ter dinheiro, casas, carros, participar de banquetes ou fazer a viagem dos sonhos, mas, sem alegria, nada tem valor. Ela funciona como um termômetro, um fator de avaliação das nossas decisões, conquistas e realizações."Porquanto Deus lhe responde na alegria do seu coração" (Ec.5.20).
A alegria não existe por si só, mas, de modo semelhante ao calor, ela precisa de causa, motivo, razão, uma fonte enfim.
Como
escreveu o salmista: “Grandes coisas fez o Senhor por nós. Por isso estamos alegres” (Salmo 126.3).
Aquilo que nos alegra, revela o nosso caráter. Dav
i disse “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor” (Salmo 122.1). Há, porém, os que se alegram com a injustiça e com a desgraça alheia (Jó 31.29-30).
O calor pode ser obtido por meio de um palito de fósforo ou pela luz do sol. Diferente, porém, será sua intensidade e duração. Assim é a alegria, passageira ou perene, que obtemos de coisas efêmeras ou por causas mais significativas e duradouras. Precisamos ter em mente esta diferença para não confundirmos diversão com felicidade.
Como é fácil causar alegria instantânea! Uma simples bola na rede leva o torcedor ao delírio, mas se
um gol é feito contra o seu time, acabou a festa. A chegada de uma pessoa querida, um presente, uma boa notícia ou um prato de comida são motivos para uma alegria momentânea.
“A ansiedade do coração do homem o abate, mas uma boa palavra o alegra” (Pv.12.25). 
Os bons momentos são importantes, mas existe uma fonte de alegria espiritual. Podemos estar alegres por bons motivos, mas existem razões superiores, como vemos na palavra de Deus:
“E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir...
E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se
submetem a nós.
E
Jesus lhes disse: Eu via Satanás, como raio, cair do céu… Mas não vos alegreis porque se vos sujeitam os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.
Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos...” (Lc.10.1,17-21).
O texto de Lucas nos mostra
dois motivos específicos de alegria e a fonte definitiva: O Espírito Santo.
Na instituição d
o Pentecoste, já temos a figura desta realidade:
“E, na tua festa, alegrar-te-ás, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas” (Dt.16.14).
A menção aos órfãos e viúvas se reveste de especial importância como referência a pessoas que perderam seus entes queridos. As perdas fazem parte da vida e o luto é normal e necessário. Não podemos negar ou ignorar o sofrimento que envolve tais situações. Contudo, a tristeza e o lamento não podem ser eternos. A festa de Pentecoste seria, portanto, um tempo de superação e consolo na presença do Senhor.
Muitas vezes nos alegramos com as bênçãos que recebemos, mas o próprio Deus é o motivo suficiente para nos alegrarmos:
“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das corças, e me fará andar sobre as minhas alturas” (Hab.3.17-19).
A presença do Espírito Santo em nós é a fonte da verdadeira alegria:
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm.14.17).
O texto relaciona três elementos: justiça, paz e alegria, sendo esta o resultado final.
Tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus (Rm.5.1). Se temos paz, temos uma alegria que não depende de circunstâncias. Esse brilho do Espírito Santo em nossa face pode, eventualmente, ser ofuscado por momentos de tristeza, mas não ficaremos desanimados nem desesperados.
 “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30.5).
Na pessoa de Jesus, os discípulos conheceram a verdadeira alegria. Porém, foram avisados acerca da tristeza que se aproximava:
“Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.
Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” (João 16.20-22).
A cruz seria motivo de tristeza, mas a ressurreição traria alegria eterna. O mundo tem uma alegria passageira, mas os filhos de Deus serão, não apenas alegres, mas eternamente felizes.
Pr. Anísio Renato de Andrade


terça-feira, 11 de abril de 2017

O ESPELHO




Geralmente, olhamos em todas as direções, exceto para nós mesmos. Vemos facilmente os defeitos alheios e temos ótimas ideias para corrigi-los, mas Jesus disse: “Por que reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho”? (Mt.7.3).
Em outras palavras: “Tu vês o cisco no olho do outro, mas não vês a viga que está no teu”.
De fato, examinar os próprios olhos é tarefa difícil. Seria impossível, se não houvesse espelhos.
Na visão de Tiago, o espelho é a Palavra de Deus:
Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era” (Tg.1.23-24).
Quem se olha no espelho deve se limpar e se pentear imediatamente, corrigindo o que for preciso. A palavra de Deus nos mostra quem somos e como estamos. Sua prática é a correção.
Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua Palavra” (Salmo 119.9).
Jesus não disse que os erros são incorrigíveis e que tudo está perdido. Podemos melhorar, com a ajuda de Deus. Depois, vamos ajudar o irmão. A bíblia não nos ensina a “deixar pra lá” o pecado alheio. Jesus continuou, dizendo:
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão” (Mt.7.5).
Pode ser, porém, que, ao voltarmos para ajudá-lo, constatemos que não havia cisco algum. 
Tudo foi apenas uma ilusão de ótica.


Pr. Anísio Renato de Andrade

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Três tempos na vida de Ester






Depois do cativeiro, muitos judeus continuaram morando fora de Canaã. Entre os que ficaram na Pérsia, havia uma mulher chamada Ester, cuja história encontramos no livro bíblico que leva o seu nome.
A aceitação daquele relato entre os livros sagrados enfrentou grande resistência pelo fato de não encontrarmos ali nenhuma menção ao nome de Deus. Contudo, sua providência é notória no decorrer da narrativa. Em muitos momentos das nossas vidas, também podemos ser levados a perguntar “onde está Deus”? Entretanto, estejamos certos de que ele está sempre presente e nada escapa à sua soberania.
A história de Ester pode ser dividida em três períodos distintos:
No primeiro, temos a vida difícil de uma menina pobre chamada Hadassa (este era o seu nome hebraico, cujo significado é “murta”, uma espécie de planta). Ela era órfã de estrangeiros, criada pelo tio Mardoqueu, parte de um povo discriminado e perseguido (Et.2.5-7).
No segundo momento, Hadassa tornou-se uma linda moça que, depois de participar de um concurso promovido pelo rei Assuero, veio a ser rainha da Pérsia. Certamente, foi uma mudança espetacular em sua vida. Seu nome foi mudado para Ester, que significa “estrela”. Todas as suas dificuldades pessoais foram superadas. Agora, ela poderia possuir tudo o que desejasse, comer as melhores comidas, vestir as melhores roupas e frequentar os melhores lugares. Aliás, sua casa era esse lugar: o palácio (Et.2.16-17).
No terceiro tempo, Ester se coloca como intercessora do seu povo, contribuindo de modo decisivo para o livramento de milhares de judeus que estavam condenados à morte (Et.7.1-6).
Em outras palavras, podemos dizer que Ester passou por três níveis distintos em sua vida, como pode ocorrer também conosco, guardadas as proporções e diferenças específicas a cada caso.
O nível 1 é da tribulação, das privações e prováveis questionamentos. É o tempo dos “por quês”. Por que eu sou assim? Por que minha família é assim? Por que Deus permitiu a morte dos meus pais? Seja qual for a situação e mesmo sem respostas às suas perguntas, continue fiel a Deus.
O nível 2, caracterizado por vitórias de ordem natural, parece a glória, e corremos o risco de ficarmos muito satisfeitos, pensando que isto seja tudo o que Deus tem para nós. Em termos materiais, é o tempo das realizações e suprimento das necessidades. Para alguns, pode significar a conquista do emprego, da empresa, da casa própria e do carro novo. São experiências de superação, mas não se trata da essência dos propósitos divinos, pois os ímpios também podem alcançar este patamar. O nível 2 é o fim da miséria e da humilhação, mas traz novos desafios e tentações. Êxito, prosperidade e eventual riqueza trazem novos riscos. Ester começou a presenciar as tramas políticas ligadas ao poder.
O nível 3 significa assumir grande risco, deixar o egoísmo e sair da zona de conforto para lutar a favor do próximo. Ester era crente, cria no verdadeiro Deus, era uma pessoa abençoada, mas o Senhor tinha muito mais para a sua vida.
Entre um nível e outro existem barreiras e dificuldades (embora a vida não seja um game). Para passar da primeira fase para a segunda, Ester precisou enfrentar um concurso público, concorrendo com muitas candidatas. Certamente, Deus a abençoou e lhe deu a vitória, mas isso não seria suficiente para termos sua história na bíblia.
Do segundo para o terceiro nível, o desafio seria enorme. Mardoqueu levou ao conhecimento de Ester que havia uma sentença de morte sobre o povo judeu. Sabendo de tal ameaça, a rainha não ficou indiferente, mas tomou uma atitude. Mesmo sendo esposa do rei, Ester não tinha poder para livrar o seu povo. Ela precisava falar com o rei, mas não poderia entrar em sua presença, a não ser que fosse chamada. Se esperasse, poderia ser tarde demais. Se entrasse na sala do trono sem ser convocada, poderia ser condenada à morte. Então, Ester entrou em luta espiritual, com oração e jejum. Antes de falar ao rei, Ester falou com Deus, conforme a instrução enviada a Mardoqueu:
Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci” (Et.4.16).
Conforme lemos na sequência do seu livro, Ester entrou na presença do rei (Et.5.1), iniciando uma série de atos que levaram, não só à salvação do seu povo, mas também à execução do inimigo de Israel: Hamã.
Antes de agir no âmbito natural, Ester atuou no mundo espiritual. Sem isso, sua ousadia seria estupidez. Ester não ficou acomodada ao luxo e conforto do palácio, mas colocou sua vida em risco para salvar milhares de pessoas. Entretanto, sua ação foi precedida por jejum e oração, mostrando que para alcançarmos um nível superior e espiritualmente significativo em nossas vidas, precisamos tomar atitudes importantes que envolvam uma busca intensa pela face do Senhor.
Assim, a trajetória de Ester não foi apenas de superação pessoal, mas de grande relevância para o seu povo, salvando milhares de judeus e tornando-se figura de destaque na história de Israel.

Pr. Anísio Renato de Andrade

quinta-feira, 9 de março de 2017

A BLASFÊMIA DO FILHO DE SELOMITE



Como vemos no livro de Êxodo, houve um processo árduo para a saída dos israelitas que eram escravos no Egito. Nesse tempo, Deus enviou dez pragas e deixou bem clara a separação entre hebreus e egípcios (Ex.8.22; 9.26).
Houve, porém, uma mulher israelita, chamada Selomite, que envolveu-se com um homem egípcio. Tal relacionamento era incoerente com a realidade em que viviam, estava na contramão do propósito de Deus.
Qual seria a justificativa para isso? Amor? Interesse material? Paixão? Desejo descontrolado? Não sabemos. Nada indica que eles tenham se casado, mas o fato é que tiveram um filho.
Aquela relação era bem condizente com o nome da mulher, cujo significado é “pacífica”. Talvez muitos a elogiassem por sua atitude conciliatória com o povo opressor.
O que fizeram não deve ter sido ilegal, pois ainda não existia a lei de Moisés para tratar deste tema (Dt.7.1-4), mas nem tudo que é permitido é bom. Nossas leis hoje também são brandas e omissas em tantos assuntos, mas nossas consciências, iluminadas pela palavra de Deus e pelo Espírito Santo, devem nos ajudar a ter um padrão de vida superior. Por exemplo, hoje em dia, adultério, prostituição e uso de drogas não são crimes, mas quem comete tais coisas não deixará de sofrer os efeitos correspondentes.
A moça não foi condenada por seu comportamento, mas as consequências seriam implacáveis.
Finalmente, Selomite saiu do Egito e atravessou o Mar Vermelho. Aleluia!  O filho, cuja idade não sabemos, também saiu. O pai ficou, pois não deixaria sua nação para viajar pelo deserto com outro povo.
Ocorreu, portanto, a separação definitiva daquele casal, como mais um efeito do relacionamento indevido.
O filho, vivendo entre os jovens israelitas no deserto, parecia igual a eles, até o dia em que se envolveu numa briga no meio do acampamento. É nessas horas de crise que o caráter se manifesta.  O filho de Selomite desentendeu-se com um israelita. Não sabemos o motivo nem quem estava com a razão e isto pouco importa, mas o problema é que o moço blasfemou contra Deus.  Veio à tona a influência paterna, a herança egípcia. Ainda que todo o povo tivesse alguma coisa do Egito em seu jeito de ser e viver, blasfemar não seria permitido.
Observamos, naquele episódio, os possíveis efeitos nefastos do jugo desigual, ou seja, da união entre crente e incrédulo. A mãe, uma israelita legítima, não conseguiu influenciar o filho nem ensinar-lhe o caminho do Senhor.
O rapaz foi detido por sua blasfêmia, mas, durante o tempo de prisão, parece não ter se arrependido do pecado. Então, Deus ordenou que ele fosse apedrejado até a morte, e assim foi feito (Levítico 24.10-16, 23). Vemos que o filho foi o mais prejudicado pelo relacionamento errado de seus pais.
Hoje também, nenhum cristão está impedido de casar-se com pessoa de outra crença ou sem crença. Temos, porém a recomendação de Paulo, que escreveu:
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (2Co.6.14).
Não se trata de preconceito nem falta de amor, mas sim o propósito de se evitar uma série de problemas no relacionamento e na vida dos filhos. “É para a paz que Deus nos chamou” (1Co.7.15).
Quer namorar? Quer casar?  Prefira alguém que crê em Deus e que vai com você para Canaã.


Pr. Anísio Renato de Andrade

quinta-feira, 2 de março de 2017

OFERTAS PROIBIDAS



No tabernáculo de Moisés e no templo de Salomão, nem toda oferta era bem-vinda. Afinal, este era um assunto sagrado. A oferta deveria ser pura e santa no que diz respeito à sua procedência e qualidade. Não era permitido que qualquer um fizesse qualquer coisa para Deus de qualquer jeito e em qualquer lugar. Animais imundos não serviam para o holocausto. O que não convém à mesa não convém ao altar. Algumas ofertas financeiras eram proibidas, como se lê na seguinte passagem bíblica: "Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus" (Deuteronômio 23:18). A palavra "salário", usada para o pagamento dos trabalhadores, parece indicar que, já naquele tempo, as prostitutas eram "profissionais do sexo". Mesmo que trouxessem todo o salário como oferta, o mesmo não seria aceito. Nenhum dinheiro compra o perdão. O “sodomita” é o homossexual. A palavra vem de “Sodoma”.
Era uma situação tão grave que era preferível quebrar um eventual voto a trazer esse tipo de contribuição. O texto de Deuteronômio nos mostra que algumas pessoas poderiam querer combinar a vida de pecado com a vida religiosa, como se uma coisa justificasse a outra. O profeta Malaquias também repreendeu os judeus porque, na sua época, eram levados como oferta animais doentes, cegos, aleijados e até roubados (Mal.1). Deus não quer oferta roubada. Haveria uma frase mais óbvia para se dizer? Ele não quer o produto da corrupção. Malaquias 3.10 não serve para justificar dízimos e ofertas do dinheiro sujo. Esse tipo de critério evitaria muitos problemas hoje. Batismo, ceia e oferta são igualmente sérios e assim devem ser tratados. No contexto judaico, um dinheiro ganho com o pecado era maldito, não seria aceito por Deus, pois contaminaria o santuário e os sacerdotes que dali comiam. Façamos uma comparação: Até para doação de sangue existem critérios. Alguns doadores são rejeitados, por maior que seja sua boa vontade. Nem adianta dizer que se vai doar 5 litros. A contaminação deve ser levada a sério. Não temos na bíblia o ensino de que qualquer oferta possa ser santificada pela oração (como acontece com os alimentos). Isto seria a verdadeira lavagem de dinheiro. Se o templo recebesse o salário da prostituta, isto significaria conivência e aprovação da atividade. O problema não está no dinheiro, mas no pecado envolvido. Se não houvesse tal restrição, o efeito contrário poderia ocorrer: o estímulo à prática pecaminosa. No Novo Testamento, Jesus nos ensina a coerência entre a oferta e a vida: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta" (Mateus 5:23,24). Poucos anos depois, os principais sacerdotes seriam protagonistas da maior incoerência da história. Depois de haverem pago 30 moedas de prata pela traição de Judas, não quiseram receber o dinheiro de volta, dizendo: “Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue” (Mateus 27.6). Portanto, aqueles que deveriam ser os guardiões da pureza do templo, tornaram-se a própria fonte da corrupção. O dinheiro não entrou no cofre do templo, mas foi administrado pelos sacerdotes, constituindo, assim, uma espécie de caixa 2. O cofre foi poupado, mas suas mãos e seus corações já estavam contaminados antes disso. No livro de Atos, encontramos uma reação interessante quando alguém ofereceu dinheiro para receber o poder de Deus: "E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro... Mas Pedro disse-lhe: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro" (Atos 8.18,20). E assim, Pedro continuou "sem prata e sem ouro", mas cheio do Espírito Santo. Se Ananias e Safira vivessem hoje, morreriam ao ofertar ou seriam elogiados e honrados? Existe ainda uma espécie de "prostituição espiritual", quando as pessoas se vendem e ficam reféns dos que compram. Então, não podem mais dizer a verdade e vivem na obrigação de agradar e bajular. Esse negócio de achar que o dinheiro é neutro, que “não tem cheiro”, como disse Vespasiano, já derrubou a muitos. Os políticos que o digam. Doação nem sempre é bênção. Por isso, Abraão rejeitou as riquezas do rei de Sodoma (Gn.14) e Eliseu não quis a recompensa de Naamã (2Rs.5). Ninguém precisa investigar a origem do dinheiro ofertado, nem deveria receber tudo de todos como se fosse um coletor de lixo. A ignorância pode ser compreensível, mas algumas vezes é apenas uma desculpa por conveniência. Diante de tudo isto, cabe observar que Deus perdoa, salva e transforma ladrões, prostitutas e homossexuais para que possam trazer o fruto de um trabalho digno diante do Senhor, sendo que a principal oferta que ele deseja é o nosso coração. Pr. Anísio Renato de Andrade

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

OS VACILOS DE GIDEÃO





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OS VACILOS DE GIDEÃO

O livro de juízes fala de uma época quando não havia rei em Israel e cada um fazia o que bem entendia (Jz.17.6). O pecado grassava e os povos vizinhos oprimiam os israelitas. De tempos em tempos, Deus levantava juízes para livrarem a nação. Um deles foi Gideão, que teve um “início de carreira” brilhante, quando, com apenas 300 homens, livrou Israel dos midianitas. Bom, esta era a “manchete” da época, mas a verdadeira causa do livramento foi o poder de Deus. Aqui terminava a ação divina para aquele tempo e começavam as invenções humanas. Imediatamente, o ministério de Gideão foi reconhecido e ele ficou famoso.  O povo o elevou à glória, digo, à vanglória. Começaram a chegar as recompensas materiais e as propostas tentadoras. O problema de Gideão deixou de ser com os midianitas e passou a ser com os próprios israelitas; era o fim da opressão e o início da bajulação.
Primeiro, veio a proposta do reino, uma armadilha disfarçada de oportunidade. Os israelitas queriam fazê-lo rei. Gideão deveria fazer o que Deus mandou (Jz.6.14) e não o que o povo queria. Os reis precisavam ser ungidos para assumirem o trono e não era este o caso. Exercer aquele “ministério” sem vocação e sem unção seria um problema sério. Gideão resistiu ao apelo popular e não aceitou o cargo:
“Porém Gideão lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará” (Jz.8.23).
Que resposta maravilhosa! Gideão brilhou mais uma vez. Porém, seu fracasso veio na sequência:
“E disse-lhes mais Gideão: Uma petição vos farei: Dá-me, cada um de vós, os pendentes do seu despojo... E estenderam uma capa, e cada um deles colocou ali um pendente do seu despojo. E foi o peso dos pendentes de ouro, que pediu, mil e setecentos siclos de ouro, afora os ornamentos, e as cadeias, e as vestes de púrpura que traziam os reis dos midianitas, e afora as coleiras que os camelos traziam ao pescoço” (Jz.8.24-26).
Gideão estava indo tão bem, mas caiu rapidamente. Ele não queria ser rei, mas desejava as riquezas dos reis. De fato, o maior problema ainda estava porvir. Aquela riqueza seria usada para fazer um éfode, uma suntuosa roupa sacerdotal.
“E fez Gideão dele um éfode, e colocou-o na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel prostituiu-se ali após ele; e foi por tropeço a Gideão e à sua casa” (Jz.8.27).
O juiz perdeu o juízo. A história tomou um rumo inesperado e surpreendente a partir do momento que ele fez um “objeto sagrado” que veio a ser um ídolo ou amuleto, símbolo de um misticismo desnecessário. Gideão, sendo da tribo de Manassés,  nunca deveria envolver-se em assuntos sacerdotais, próprios da tribo de Levi. A cidade de Ofra tornou-se centro de peregrinações dos israelitas. A expressão “prostituiu-se” envolve ritual religioso conforme se vê no verso 33. O verdadeiro juiz prestou-se ao papel de falso sacerdote, contribuindo para a criação de um falso movimento religioso em Israel. Gideão fracassou por uma mistura de questões religiosas, financeiras e sexuais, desviando-se do caminho da verdade (Jz.8.30-31).
O juiz conduziu à idolatria e à prostituição o mesmo povo que tinha sido liberto por ele. Se alguém falasse alguma coisa, seria alertado para “não tocar no ungido do Senhor”. A maioria diria “Gideão é uma bênção” ou “lembre-se do que Deus fez através dele”.
Gideão vivia de história. Afinal, ele tinha sido usado poderosamente pelo Senhor, e ninguém duvidava disso, mas um passado bom não justifica o presente errado. Depois, seu filho, Abimeleque (nome que significa “meu pai é rei”), continuou vivendo da história do pai, mesmo sem conhecer o Senhor nem ter experiência espiritual alguma.
O problema não teve solução. Não houve quem pudesse repreender, julgar e condenar Gideão, pois ele era a autoridade máxima, mesmo não sendo rei.
Acontece que nenhum líder, rei, juiz, sacerdote ou anjo está acima da palavra de Deus. Por este motivo, não podemos aceitar a heresia, ainda que venha de alguém que foi usado por Deus algum dia. Gideão transgrediu a lei do Senhor com a sua idolatria e prostituição, tornando-se um herege, apesar do seu histórico louvável. Há quem defenda a tese de que a iniciativa idólatra tenha sido do povo. De todo modo, Gideão não os impediu nem orientou.
Os fracassos de Gideão, Sansão e Jefté foram exceções entre os juízes. Houve vários outros líderes levantados por Deus naquela época que não vacilaram.  Ninguém deve generalizar, propondo que todos sejam falsos, mas todos nós precisamos vigiar, pois assim como Deus usa homens, o diabo também quer usar.
Os fracassos de alguns personagens bíblicos estão na palavra de Deus para o nosso aprendizado. Aprendamos.

Pr. Anísio Renato de Andrade



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS


Já faz muito tempo que o povo evangélico tem ouvido ensinamentos a respeito de maldições hereditárias e outros tipos. A bíblia fala sobre maldições, mas a questão é que alguns pregadores querem nos convencer de que, mesmo sendo convertido, o indivíduo ainda continua amaldiçoado. Outros, chegam ao extremo de afirmar que o cristão autêntico pode ficar possuído por demônios. Tais ensinos não encontram fundamento nas Sagradas Escrituras.
- As maldições constantes do Velho Testamento (Dt.28) estavam vinculadas aos termos da Antiga Aliança de Deus com Israel. Não podemos crer que somos atingidos pelos efeitos de um pacto do qual não participamos. - Ainda que admitamos que aquelas mesmas maldições estejam sobre os ímpios (o que não parece), não há como crer que elas permaneçam sobre os salvos. - O Novo Testamento é o padrão para a igreja. Seus autores jamais trataram os cristãos como amaldiçoados ou endemoninhados, mas sim como justos, santos e benditos de Deus (Col.1.2; Heb.3.1; Mt.25.34; At.3.26; Ef.1.3; Gál.3.9). - Não encontramos na bíblia nenhum processo pós-conversão para quebra de maldições hereditárias. Os apóstolos não passaram por isso, nem os demais irmãos da igreja primitiva. Paulo nunca ensinou coisa alguma sobre algum processo desse tipo. - Toda maldição na vida do cristão foi desfeita na cruz do Calvário (Gál.3.9-14), cujos efeitos se aplicam imediatamente no instante em que o indivíduo aceita Jesus como seu Senhor e Salvador. - A bíblia não fala a respeito de nenhum outro momento ou método de se quebrarem maldições. - Há quem ensine que cada maldição deve ser quebrada de modo específico, sendo detectada e declarada pelo amaldiçoado. A bíblia não ensina isso. A palavra maldição é usada indevidamente para designar uma série de males na vida das pessoas, inclusive de cristãos verdadeiros, fazendo-se uma confusão muito grande em torno da questão. Mágoas, traumas, resultados de escolhas pessoais, consequências de pecados, doenças hereditárias, a força do exemplo dos pais, provações, tribulações, dependência química, física ou psicológica, natureza pecaminosa e hábitos pecaminosos, são confundidos com maldição. Talvez isto seja até uma forma de se esquivar da responsabilidade que cada um tem sobre seus próprios erros. É mais cômodo colocar a culpa nos pais ou em outros antepassados. Após a conversão, precisamos passar por algum processo? É claro que sim, mas não se trata de “quebra de maldições”, senão de uma busca constante pelo conhecimento bíblico que nos proporcionará mudança de mente (Rm.12.2), crescimento espiritual e intimidade com Deus. O ex-viciado precisará de um acompanhamento, e talvez de uma internação, para desintoxicação e isolamento em relação ao contato com a droga, mas isso nada tem a ver com maldição. Se a divergência fosse apenas de ordem semântica, nada haveria de grave. Se chamamos determinado problema de “trauma” ou de “maldição”, talvez seja só uma questão do nome que se dá. Entretanto, quando alguém diz que o convertido está carregando maldições hereditárias, faz uma afirmação contrária à palavra de Deus. Onde fica o valor do que se lê em II Coríntios 5.17? “Se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas se passaram e eis que tudo se fez novo”? Se isso não se aplicar a uma libertação espiritual, que aplicabilidade terá? Para que se quebrem maldições, alguns líderes querem que façamos uma retrospectiva afim de confessarmos pecados cometidos antes da conversão. Contudo, a bíblia não estabelece tal exigência para ninguém. Se isto fosse necessário, imagino que uma pessoa que se converte aos 50 anos de idade, precisaria passar alguns anos confessando pecados. E mesmo assim, não existe garantia de que teria se lembrado de todos. O ladrão que morreu ao lado de Cristo não confessou cada um de seus pecados mas, ainda assim, foi purificado e salvo imediatamente. E mesmo que vivesse ainda muitos anos, não precisaria fazer tal confissão, pois isso nunca foi exigido de nenhum daqueles que se converteram no período do Novo Testamento. Se fizermos tal coisa, estaremos negando ou menosprezando a obra que Jesus fez em nós no momento em que nos entregamos a ele. Se pecarmos depois de convertidos, vamos confessar cada pecado (I Jo.2.9), mesmo porque não vamos esperar que os pecados se acumulem para fazermos uma confissão “no atacado”. Algumas pessoas, depois de passarem por processos de “quebra de maldição”, verificam que os problemas identificados continuam. Ficam frustradas e desanimadas. A causa está no falho diagnóstico e no falso remédio. Certas situações físicas, naturais, econômicas, sociais, etc, continuam inalteradas após a conversão, mas isso não significa maldição. Se tudo mudasse, as pessoas convertidas ficariam irreconhecíveis. Afinal, elas continuam tendo uma história e elementos presentes que são resultados de suas escolhas passadas. Por exemplo, o pobre continua pobre. Isso não é maldição. Trata-se de uma condição social que pode ser mudada, mas não obrigatoriamente em virtude da conversão. O Novo Testamento fala sobre escravos que se converteram ao cristianismo. É claro que se tratava de uma situação inadequada e indesejável. Quem pudesse se libertar não deveria perder a oportunidade, mas a continuidade da escravidão não era tratada como maldição (Fm.10-14; I Cor.7.21). O que seria então uma maldição? A palavra é formada por duas outras: “mal” + “dicção”. Etimologicamente, podemos traduzi-la como “falar mal”. Maldição é uma praga profetizada contra alguém. Na bíblia encontramos maldições proferidas por Deus contra os que transgridem seus mandamentos (Dt.28). Também existem casos em que o pai amaldiçou seus filhos (Gn.9.24-25; Gn.49.5-7; Heb.11.21). Num episódio excepcional, Cristo amaldiçoou uma figueira (Mc.11.21). Não encontramos maldições vindas de Satanás, como parecem crer algumas pessoas, embora ele possa participar da concretização das mesmas. A maldição vem, geralmente, de uma autoridade que tenha também poder para abençoar. Por outro lado, não basta que a maldição seja proferida. Para que se realize, ela precisa também ter uma razão concreta. “A maldição sem causa não virá” (Pv.26.2). Se um pai amaldiçoa um filho, isso não se concretizará se o filho não for merecedor daquele mal, ou seja, se ele estiver inocente naquela situação ou se for um cristão. E mesmo com este fundamento bíblico que mostra a existência de maldições, cremos que todas elas são quebradas no momento da conversão. E depois de convertidos, será que podemos atrair novas maldições sobre nós? Creio que isso pode acontecer, caso nos desviemos do evangelho, escolhendo uma vida de pecado (Heb.6.7-8; II Pd.2.14-15). Mas, ainda assim, não há que se falar em maldições hereditárias. Os apóstatas podem ficar possessos (I Sm.16.14), mas não os cristãos fiéis e perseverantes no caminho do Senhor. Aquele que se desvia pode ter de volta o demônio que antes o dominava, acompanhado de outros sete piores do que ele (Mt.12.45). Todo convertido precisa se encher do conhecimento da palavra de Deus. Assim, conhecerá e assumirá sua posição espiritual, deixando situações que, em virtude da ignorância, continuariam em sua vida, podendo vir a ser confundidas com maldições. Nessa linha de raciocínio incluímos os traumas, mágoas, etc. O perdão é um remédio eficaz para as feridas da alma, que não devem ser confundidas com maldições. A vida cristã não nos oferece imunidade contra o sofrimento. Podemos ser acometidos por provações, tribulações e até aflições (João 16.33). Não venhamos dizer que são maldições hereditárias. A bênção e a maldição não podem estar sobre a mesma pessoa. Os filhos de Deus não são malditos nem podem ser. Somos bem-aventurados porque Jesus nos salvou e nos libertou. Não temos demônios nem podemos tê-los, porque somos o templo do Espírito Santo que habita em nós (I Cor.3.16). Pr. Anísio Renato de Andrade

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O PREÇO DO PECADO




Quase tudo na vida tem um preço. Procure conhecê-lo antes de adquirir ou realizar o que quer que seja. Calcule o custo e verifique se você tem condições de pagar (Lc.14.28). Depois, pode ser tarde demais.

Cuidado! Muitas vezes, o valor está escondido. Mercadorias em exposição são geralmente bem organizadas para atrair e convencer, mas o seu preço pode não estar visível. No Brasil, existe uma lei que obriga os comerciantes a colocarem a plaquinha com o valor, mas o seu desejo seria escondê-lo, pois o preço pode assustar e afugentar os interessados, inviabilizando a venda.

Se nos dispomos a assistir uma apresentação sobre qualquer produto ou serviço, a informação mais difícil de se obter é o preço. É um mistério, um segredo, como se fosse uma ofensa a ser evitada. Para amenizar o impacto, os marketeiros trocaram o nome do “pagamento” por “investimento”, o que, em alguns casos, faz sentido. Nós, brasileiros, já estamos acostumados às propagandas enganosas, falsas promoções, falsos descontos, impostos abusivos, juros embutidos, cobranças com multas e correções monetárias de proporções astronômicas.

De modo paralelo a tudo isso, existem também as negociações espirituais. Satanás faz o seu comércio (Ez.28.16-18).  Sua mercadoria é o pecado. Sua propaganda é sedutora, com anúncio de vantagens, ocultação de desvantagens e absoluto silêncio quanto ao preço final (Gn.3). Os aparentes e imediatos benefícios da iniquidade são propagados aos quatro ventos a todo tempo, mas seus efeitos colaterais são omitidos. Não se deixe enganar. Agora, o prazer; depois, o tormento. O pecado pode parecer barato ou até gratuito, mas é muito caro e a cobrança vem com todo tipo de acréscimo. A despesa não é apenas material ou financeira, mas moral e espiritual. O pecado custa a paz do ser humano, sua alegria, felicidade e razão de viver. Pode incluir a perda dos bens, dos entes queridos, da saúde, da vida, mas o maior interesse do inimigo é pela posse eterna da alma humana. Pode-se ganhar muito dinheiro com o pecado, ou não, mas ele sempre traz grande dívida espiritual.

A proposta do maligno parece uma dádiva, mas a contrapartida é absurda: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares” (Mt.4).

Mas, “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”? (Mc.8.36).

O pecado é caro. O prazo de pagamento é a eternidade. O fruto proibido não foi cobrado imediatamente, embora seus efeitos já tivessem começado.  O pecado parece gratuito. O texto de Gênesis não diz que Adão e Eva desembolsaram alguma quantia, mas a lista de prestações foi longa: vergonha, medo, culpa, perda da comunhão com Deus, expulsão do paraíso, bloqueio do acesso à árvore da vida, morte de Abel e, finalmente, a morte do primeiro casal, sem contar com a eternidade no lago de fogo, caso não tenham sido perdoados. 

O pecado parece gratuito. Esaú comeu as lentilhas e saiu. Tudo parecia normal, mas a cobrança viria.
Sansão se prostituiu diversas vezes. Ele se levantava e saía como se nada tivesse acontecido, mas a cobrança veio.
“Este é o caminho da adúltera: Ela come e limpa a boca, e diz: Não fiz nada de errado” (Pv.30.20), mas a cobrança vem.

Como saber o preço do pecado? O diabo não dirá, mas podemos saber através da bíblia ou observando o pagamento que outros fizeram.

Veja o preço que Abraão pagou pelo relacionamento com a escrava ou quanto custou o adultério de Davi com Batseba.

O pecado parece gratuito, mas é caríssimo. A prostituição, por exemplo, custa muito mais que dinheiro. É grande engano pensar que só o cliente paga e a prostituta apenas recebe.  Ambos pagam. Satanás recebe. É assim que o pecado funciona.

O pecado parece gratuito, mas a conta chegará. O cobrador é implacável.  O pecador não conseguirá esconder-se dos verdugos (Mt.18.34). Ninguém conseguirá enganar o Diabo.

O preço da droga não é cinco, dez ou cem reais. É a sua saúde, sua vida e seus bens.
O preço do álcool é sua honra, seu emprego e sua família.
Tudo isso é mais caro do que você imagina.

Tudo que até aqui foi dito é importante para que tenhamos uma visão razoável do custo do pecado, mas a bíblia nos ensina também sobre a possibilidade do perdão. Isso não é impunidade, mas significa que alguém pagou a conta em nosso lugar: Jesus Cristo.

O sangue derramado na cruz do Calvário é suficiente para quitar a nossa dívida, mas precisamos saber, reconhecer e aceitar aquele sacrifício.

“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Col.2.14).

Jesus pagou o preço do pecado em nosso lugar. Quem suplica o seu perdão encontra a paz e a comunhão com Deus. Contudo, não podemos considerar sua morte como uma espécie de cartão pré-pago que nos autoriza a uma vida imunda. Ainda que o sangue de Jesus nos purifique diante de Deus e nos livre do inferno, as consequências terrenas do pecado geralmente continuam. O adultério pode ser perdoado, mas a destruição do casamento pode ser um efeito permanente. Portanto, a vigilância precisa ser constante.

O desejo de Deus é que, tendo sido perdoados, tenhamos a santificação como novo modo de vida.  “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.6.23).


Pr. Anísio Renato de Andrade