A invenção do termo, da doutrina e da religião espírita são creditados a Allan Kardec, um francês que viveu entre os anos de 1804 e 1869. A essência do espiritismo é a suposta comunicação com os mortos. Sabendo, porém, que a bíblia já trata do assunto há milhares de anos, compreendemos que o francês não trouxe nenhuma novidade. No jardim do Éden ocorreu o primeiro caso de mediunidade, quando Satanás falou pela boca da serpente. Mais tarde, Moisés escreveu assim a respeito do tema:
"Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti" (Dt.18.9-12).
A consulta aos mortos é, portanto, uma abominação que a bíblia proíbe e condena.
"Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos"? (Is.8.19).
Os espíritas citam a bíblia quando lhes convém, tentando conseguir, na autoridade das Escrituras, algum respaldo para suas crenças. Contudo, usam apenas alguns textos isolados.
Gostam muito de lembrar a consulta do rei Saul à feiticeira de Endor (1Sm.28), afirmando que esse relato comprova e autoriza as sessões espíritas. Em primeiro lugar, é bom dizer que a já citada lei de Deuteronômio 18 estava em vigor na época do rei Saul. Portanto, o rei e a necromante estavam transgredindo a vontade de Deus. O texto se refere ao espírito ali presente como "Samuel". Seria o profeta? Temos várias razões para acreditar que não. Tendo Deus rejeitado Saul, de modo que não lhe falava mais pelos profetas nem por outro meio (1Sm.28.6), o Senhor não permitiria que o falecido profeta Samuel se manifestasse naquela sessão proibida.
O texto cita o nome de Samuel a partir da opinião de Saul. No início da manifestação, a mulher disse: "Vejo deuses que sobem da terra" (1Sm.28.13). Depois, Saul "entendeu" que era Samuel (v.14). Se eram "deuses", como poderia ser Samuel? Se subiam, vinham do abismo e não do céu. Além de qualquer tentativa de se justificar aquela sessão espírita, está a reprovação bíblica, colocando aquela consulta entre os motivos de condenação de Saul:
"Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar" (1Crônicas 10.13).
A feiticeira era também chamada "pitonisa", palavra relacionada à serpente Píton. Coisa boa não devia ser.
Se a bíblia proíbe a consulta aos mortos, dizem os espíritas, é porque ela funciona. Digo que, se a bíblia proíbe, não devemos fazer. Os mortos não respondem, mas sim os demônios. Muitas pessoas, que eram possuídas por espíritos, supostamente humanos, foram libertas nas igrejas evangélicas quando seus guias foram expulsos de seus corpos. Nas sessões espíritas e centros de macumba, eles se manifestam imitando a voz, a letra e mencionando fatos a respeito de pessoas falecidas, com o propósito de enganar a muitos que buscam conforto pela perda de seus entes queridos.
Um dos pilares do espiritismo é a doutrina da reencarnação. Há quem tente conciliar tal ensinamento com o evangelho, mas isto não é possível. Como está escrito: "Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo" (Heb.9.27). As eventuais ressurreições citadas na bíblia são exceções à regra, bem como os casos de personagens que nunca morreram, como Enoque e Elias. A doutrina da reencarnação, entretanto, é apresentada como regra pelos espíritas. Isto seria a negação absoluta do texto bíblico.
Por outro lado, se a reencarnação é o meio de purificação dos pecados, Jesus Cristo não precisaria ter vindo ao mundo morrer para nos salvar. Portanto, espiritismo e cristianismo são incompatíveis.
Se o sofrimento da vida presente é uma forma de pagar pelos pecados das supostas vidas passadas, os espíritas não deveriam fazer caridade, pois estão impedindo que as pessoas paguem pelos seus erros.
Afirmar que a condição de um aleijado de nascença é consequência dos seus pecados é uma grave acusação sem provas, favorável à discriminação e ao preconceito.
Os espíritas acreditam em Jesus como um espírito evoluído e iluminado. Então, devem admitir que ele, quando curou as pessoas, agiu contra o suposto processo purificador das reencarnações e dos sofrimentos em suas vidas.
Se, de fato, os sofrimentos da vida presente são consequências dos pecados em vidas passadas, por que sofrem os animais? Eles também reencarnam? Neste ponto, os espíritas se dividem em suas opiniões.
Talvez o texto bíblico mais apreciado pelos espíritas seja aquele que cita as palavras de Jesus sobre João Batista, dizendo que ele é "o Elias que havia de vir" (Mt.11.14).
O próprio João Batista afirmou que ele não era Elias (João 1.21). Evidentemente, Jesus não mentiu nem se enganou. Quando João é chamado de Elias, trata-se de uma forma figurada de se afirmar a semelhança entre os ministérios de ambos. Vejamos o que o anjo disse ao pai de João Batista:
"E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos" (Lc.1.17).
Ademais, Elias não morreu, mas subiu ao céu vivo, no meio de um redemoinho (2Rs.2). Logo, de acordo com a doutrina da reencarnação, não poderia reencarnar, pois não desencarnou.
O uso figurado de nomes não nos deve fazer confundir as pessoas. Por exemplo, o fato de Jesus ter chamado Pedro de Satanás e Judas Iscariotes de Diabo nunca fez ninguém concluir que os discípulos eram duas versões do capiroto (Mt.16.23; João 6.70).
Paulo se referiu a Jesus como o "último Adão" (1Co.15.45). Isto significa que Jesus era reencarnação de Adão? Os espíritas negam isso, mas, paradoxalmente, continuam afirmando que João era reencarnação de Elias. O lendário Inri Cristo defende a tese de que Jesus seria Adão. Pelo jeito, ele entendeu e assimilou bem a doutrina espírita.
Se João Batista era Elias, quem deveria ter aparecido no monte das transfigurações era João, mas o Elias "original" apareceu lá (Mt.17).
A doutrina da reencarnação envolve uma série de contradições. Por exemplo, se os mortos reencarnam, como continuam baixando nos centros?
Os espíritas dizem que, em suas sessões, manifestam-se espíritos mais evoluídos para doutrinarem os atrasados. Se isso é verdade, porque eles não realizam essas aulas diretamente lá no mundo espiritual? Jesus nunca doutrinou demônios, mas expulsou todos eles. Assim fazemos nós também.
O racismo é característica intrínseca do espiritismo kardecista. Allan Kardec escreveu que os negros precisam reencarnar em corpos melhores.
Reproduzo aqui suas palavras:
"Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muito pouco; mas, por cuidados inteligentes, pode-se sempre modificar certos hábitos, certas tendências, e já é um progresso que levarão numa outra existência, e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições."
(Envoltório = corpo)
(Allan Kardec - Revista Espírita, abril de 1862)
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso. Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados"
(Allan Kardec, A Gênese, pág. 187)."
"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão?"
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, cap. V, p. 127).
"O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino.
Eis porque podemos, sem fatuidade, eu creio, nos dizer mais belos do que os negros e os Hotentotes; mas talvez também seremos, para as gerações futuras, o que os Hotentotes são em relação a nós; e quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais".
(Allan Kardec, Teoria da Beleza, in Obras Póstumas, p.131)
"A raça negra é perfectível? Segundo algumas pessoas, essa questão está julgada e resolvida negativamente. Se assim é, e se essa raça está votada por Deus a uma eterna inferioridade, a consequência é que é inútil se preocupar com ela, e que é preciso se limitar a fazer do negro uma espécie de animal doméstico adestrado para a cultura do açúcar e do algodão ".
(Allan Kardec - Revista Espírita, abril de 1862)
Uma pessoa pode passar a vida inteira dentro de um centro espírita e nunca ouvir falar sobre estes textos que estão nos livros de Kardec e na Internet à disposição de todos.
O racismo kardecista fez surgir a umbanda pois, nas sessões espíritas dos brancos, não se manifestavam os espíritos dos "ancestrais" negros.
O espiritismo tem enganado a muitos com seus atos de caridade. Contudo, sua essência é demoníaca.
Somos contra a doutrina espírita, mas não contra os seus adeptos que, como nós, são amados por Deus e precisam de Cristo para serem salvos.
Pr. Anísio Renato de Andrade