quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ANIMAIS PUROS E ANIMAIS IMUNDOS




Regras alimentares mosaicas e suas lições espirituais.

Logo que o homem foi criado, Deus só lhe permitiu comer alimentos de origem vegetal (Gn.1.29). A restrição talvez fosse para proteger os animais até que se multiplicassem. Por outro lado, não faria sentido o sofrimento daquelas criaturas antes do pecado.
Depois do dilúvio, Deus permitiu o consumo de carne (Gn.9.3). A regra mudou de acordo com o propósito divino em cada época. O mesmo ocorreu entre o Antigo e o Novo Testamento.
No livro de Levítico, capítulo 11, encontramos uma lei especial para Israel, determinando os animais que serviriam ou não para se comer. A pureza ou a imundícia de um animal estava relacionada, geralmente, ao tipo de alimento que ele comia. Os animais herbívoros eram puros; os carnívoros, principalmente os de rapina, eram imundos.
Esta é uma caracterização das aves e dos animais da terra firme, mas  havia outros fatores em relação aos seres aquáticos e insetos.
Aquela legislação poderia parecer opressora, mas, de fato, tinha o objetivo de proteger a saúde dos israelitas, evitando contaminações, doenças, epidemias e o possível extermínio do povo de Deus. Além disso, só os animais puros serviriam para o sacrifício.
Nós, que não somos judeus, não estamos sujeitos àquelas leis. Paulo instruiu os coríntios a comerem todo tipo de carne encontrada no açougue (ICo.10.25).
Entretanto, a lei de Moisés é palavra de Deus para nós e continua sendo útil para nos ensinar profundas lições espirituais. As regras alimentares devem ser vistas dentro do principal tema de Levítico, que é a santificação. A questão dos animais puros ou imundos nos deve fazer refletir sobre coisas santas e profanas, sobre a santidade e o pecado.  É preciso observar a diferença entre a sujeira e a pureza, entre as trevas e a luz, entre o ímpio e o justo (Lv.10.10; Ez.44.23. Mal.3.18). 
O israelita poderia querer comer de todos os animais que encontrasse, mas a lei determinou limites e parâmetros. Devemos aceitar o "sim" o "não" de Deus em todas as áreas das nossas vidas. Nem tudo será aceitável diante dele.
Quais seriam os critérios para definir se um animal era próprio ou impróprio para o consumo humano? A fome é a regra? O desejo, o apetite, a necessidade? Seria a aparência do animal? Seria uma questão de experimentar para decidir? Então, o sabor era o fator determinante? Não. Nem tudo que é gostoso é bom.
Quais são os critérios que utilizamos para fazer nossas escolhas na vida? Por trás de uma boa aparência pode haver contaminações invisíveis e perigosas.  Deus estabeleceu leis para que os israelitas sequer experimentassem certos alimentos pois, uma vez instalada, a contaminação é difícil de ser removida.
Deus determinou as regras, mas não deu explicações científicas. Ele tem motivos suficientes para as proibições morais e espirituais que nos ordenou, ainda que não compreendamos. Não devemos questionar, mas obedecer.  Não adianta inventar escapes. Não adiantaria lavar o animal imundo. A impureza não é superficial. A porca lavada volta ao lamaçal (2Pd.2.22). Não podemos tornar lícito o que Deus proibiu. Não adiantaria argumentar que todos os animais foram criados por Deus. É claro que foram, mas muitos deles têm outros propósitos e não foram feitos para a nossa alimentação. O camelo é para o transporte. O cão para a segurança. O urubu para a faxina ambiental.
Em tudo isso, o mais importante não são as questões alimentares, mas os princípios espirituais que devem reger as nossas vidas, de modo que não nos contaminemos com as coisas que Deus proibiu. Que o desejo, a aparência e o sabor não sejam os parâmetros que determinam os rumos da nossa existência. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Pr. Anísio Renato de Andrade

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