terça-feira, 2 de junho de 2015

SANTIDADE: O PADRÃO DE DEUS PARA NÓS



Uma atitude humanista e egoísta nos leva a colocar nossa vontade acima de tudo, inclusive quando oramos. Embora muitas petições sejam aceitáveis, Jesus nos ensinou a orar assim: "Pai nosso que estás no céu... seja feita a tua vontade" (Mt.6.9-10).  Imediatamente, pode surgir uma dúvida: Qual é a vontade de Deus? O que ele quer?  Poderíamos propor tantas hipóteses, mas vejamos o que Paulo escreveu:

"Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição." (ITss.4.3). A santificação é um conceito amplo, do qual a abstinência é um exemplo prático.

Será que o propósito do evangelho é apenas nos abençoar? Seu efeito seria apenas o suprimento das nossas necessidades? Além das bênçãos, a obra de Cristo inclui a santificação, isto é, um processo rumo à santidade, de modo que sejamos cada vez mais parecidos com Jesus.  Ser "abençoado"  está, geralmente, ligado à ideia de receber.  Ser "santificado" relaciona-se mais à renúncia e aparente perda em prol de um ganho maior.

A tradição religiosa distorceu o conceito da palavra "santo", usando-a para designar alguns cristãos "mortos, porém poderosos", mas a bíblia refere-se a todos os salvos como santos (At.9.13; Rm.1,7; Ef.1.1 etc).

A santificação é um processo que começa na conversão. Deus nos resgata como faz o pai que retira o filho da lama, sendo este o primeiro ato de uma série. Em seguida, vem o banho e a troca de roupas. Assim também, depois de sermos retirados do reino das trevas, precisamos de uma transformação, que é parte do que chamamos "crescimento espiritual". Depois da "metanoia" (mudança de mente), vem a "metamorfose" (transformação prática). Não somos apenas transportados para a luz, mas precisamos brilhar como luzeiros no mundo (Fp.2.15), através de um caráter e modo de vida que sejam motivo de glória para o nome do Senhor.

O significado do termo "santificação" tem dois aspectos:  "separação" e "dedicação";  é separar-se "de" alguma coisa e "para" alguém ou algum propósito. 

Uma boa figura bíblica para o tema encontra-se na história de Israel. O propósito de Deus para o seu povo não era apenas libertá-lo do Egito, mas transformá-lo em nação santa (Ex.19.6). Portanto, deu-lhes a lei para santificá-los.  Alguns mandamentos visavam evitar o pecado (separação). Outros, indicavam o que os israelitas deviam fazer (dedicação). São os aspectos "negativos" e "positivos" da santificação, que podem ser resumidos nas palavras do profeta: "Deixai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem" (Is.1.16-17).

O cristão não deve ser conhecido apenas por aquilo que parou de fazer, mas pelo que faz para Deus e em favor do próximo.

A santificação começa na conversão, mas precisa ser desenvolvida. "Aquele que é santo, santifique-se ainda" (Ap.22.11). Existem níveis de santificação.  Por exemplo, a lei dada a Israel tinha o objetivo de santificar o povo. Entretanto, os sacerdotes deveriam seguir mandamentos ainda mais rigorosos para que pudessem estar "mais próximos" de Deus (Lv.21).  Outro tipo de santificação era a dos nazireus, que se consagravam de modo especial, abstendo-se até de algumas coisas que eram permitidas ao povo e aos sacerdotes (Nm.6.1-21).

Quanto mais nos santificarmos, separando-nos das contaminações do pecado e nos dedicando ao Senhor, mais próximos estaremos dele, não em sentido geográfico, pois Deus está em todos os lugares, mas em termos de intimidade. Quanto mais sujos, mais distantes.  O sumo sacerdote deveria seguir regras rigorosas de pureza para entrar no Santo dos Santos, o local de maior intimidade com Deus no tabernáculo e no templo.

Havia um caminho e um procedimento que conduzia ao Santo dos Santos.  O sumo sacerdote precisava entrar pela porta do pátio, fazer o sacrifício para perdão dos seus pecados, lavar as mãos e, com o sangue no recipiente, adentrar nos recintos mais sagrados da casa do Senhor. Mas tudo isso não seria suficiente, se o ministro não demonstrasse um modo de vida coerente com a dignidade do seu ministério. Um comportamento contraditório poderia desqualificá-lo.

Os nazireus, rigorosamente santificados, como Samuel, Sansão e João Batista, tiveram gloriosas experiências com Deus, recebendo poder, revelações e missões especiais. Sansão, porém, depois de maravilhosas vitórias, conduziu sua vida no sentido contrário à santificação, tornando-se exemplo de fracasso pessoal, familiar e ministerial.

A santificação é, ao mesmo tempo, afastamento do pecado e aproximação de Deus. É evitar o pecado e tomar atitudes de consagração ao Senhor. A santificação iniciada pelo Senhor Jesus em nós é um processo contrário à contaminação iniciada por Adão.

Como ocorre a santificação? Ela começa pela ação do sangue de Jesus em nós, perdoando os nossos pecados, e prossegue pela ação da palavra de Deus, cujo símbolo é a água, vivificada pelo Espírito Santo, mudando nossa mentalidade e comportamento.

"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão" (Heb.9.22).

"E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue..." (IJo.5.8).

"Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef.5.26).

"Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (João 15.3). 

"Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo..." (IPd.1.2).

Os filhos são orientados no sentido de lavarem as mãos antes de receberem o alimento. Assim também, muitas coisas só nos serão dadas pelo Pai celestial na medida em que nos santificarmos.  Não nos referimos a coisas materiais, pois estas até os ímpios têm, mas bênçãos espirituais que o dinheiro não pode comprar.

"Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js.3:5).

A santificação deve ser nossa prioridade, pois ela é também uma condição para que entremos no santuário celestial e vivamos eternamente na presença de Deus.

"Não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2Co.6.17).

"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Heb.12.14).

Pr. Anísio Renato de Andrade


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