Uma união marcada por aspectos culturais e
espirituais.
Os fatos
narrados em Gênesis 24 ocorreram quando Abraão tinha 140 anos. Encontrando-se
em avançada velhice, o patriarca se mostrou preocupado com o futuro do filho,
Isaque, que continuava solteiro. Aos 40 anos, ele ainda era jovem, levando-se
em conta a expectativa de vida naquele tempo.
Então, Abraão mandou que seu servo Eliezer se dirigisse à Mesopotâmia e
buscasse uma mulher para o filho. Tal atitude estava coerente com os costumes
da época, no contexto das prerrogativas patriarcais.
A PESSOA
CERTA
Abraão não
sabia quem seria a esposa de Isaque, mas de uma coisa ele estava convicto: não
poderia ser uma mulher cananeia (Gn.24.3). Os cananeus eram descendentes de Cão
(Gn.9.18), um povo idólatra e amaldiçoado. Abraão estava zelando por sua
linhagem. Ele não queria que Isaque se casasse com uma mulher ímpia, mas com
uma serva de Deus. Por isso, enviou
Eliezer à Mesopotâmia. Ali moravam os parentes de Abraão. Alguns deles serviam
ao Senhor. Temos evidências nesse sentido em Gênesis 24.31,50. O nome do pai de
Rebeca era Betuel, que significa “homem de Deus”. Isto não seria uma casualidade, pois, naquele tempo, os nomes
eram colocados levando-se em consideração seu significado.
Isaque
precisava se casar com uma serva de Deus. A união com uma mulher cananeia seria
uma situação de jugo desigual. O resultado seria um lar dividido, com
dificuldades na orientação dos filhos e outros problemas diversos e
imprevisíveis. Muito tempo depois,
males desse tipo foram experimentados por Esaú (Gn.26.34-35; 27.46; 28.1-2.) e
Judá (Gn.38.1-10).
Abraão
poderia ter dito: “Isaque, escolha uma mulher cananeia. Nós vamos
‘evangelizá-la’. Ela se converterá e o seu lar será uma bênção. Vamos fazer
isso pela fé, meu filho”.
Nada disso. O
patriarca não confundia imprudência com fé.
Evitar o problema é melhor do que planejar soluções.
O servo ou
serva de Deus que se entrega a relacionamentos amorosos com o ímpio está se
colocando em situação de alto risco, sujeitando-se a tentações e tribulações
desnecessárias.
É verdade
que, em casos excepcionais, algumas relações desse tipo conduzem à conversão da
parte incrédula. Muitas, porém, causam o desvio do crente. Sansão, por exemplo, teve sua vida e
ministério destruídos por relacionamentos errados (Jz.14.1-2; 16.1; 16.4-18).
Quais são os
critérios para a escolha de um companheiro ou companheira? Aparência física?
Condição econômica? Nível cultural? Vários fatores podem ser importantes ou
não, mas o principal é saber se a pessoa pretendida serve ao Senhor.
Não estamos
falando de procurar a pessoa perfeita, mas de minimizar a possibilidade de se
envolver com pessoas e situações que venham prejudicar ou inviabilizar a
estrutura do novo lar.
O LUGAR CERTO
Eliezer
procurou esposa para Isaque:
-
Numa região específica, a Mesopotâmia.
-
Na família certa, entre os parentes de Abraão.
-
No lugar certo: o poço, um local de trabalho.
-
Na hora certa, à luz do dia.
Tais
elementos, ainda que não sejam normativos, ajudaram muito na definição do tipo
de pessoa que seria encontrada. Se Eliezer fosse a uma festa noturna no Egito,
talvez retornasse trazendo uma odalisca. É difícil encontrar uma flor perfumada
dentro do esgoto. Talvez você não esteja procurando alguém, mas frequenta
lugares errados para se divertir. Então poderá encontrar o que não procura, ou
até mesmo ser encontrado. Situação desse tipo foi vivida por Diná, filha de
Jacó, que acabou sendo vítima de um estupro (Gn.34.1-26).
AÇÃO DIVINA
Apesar das
instruções de Abraão e do zelo de Eliezer, a missão poderia dar errado. É muito
difícil escolher uma pessoa, pois o ser humano é passível de engano. Por isso, Eliezer, que também era um crente,
dependia totalmente de Deus. Ele não
confiava em sua própria sabedoria. O servo orou, pedindo a bênção e a
orientação por meio de um sinal (Gn.24.12). O Senhor atendeu, enviando Rebeca
ao lugar certo, na hora certa.
Todo aquele
que procura uma companheira precisa depender de Deus, orando, crendo e
esperando.
O SINAL
Eliezer não
pediu que Deus mandasse uma moça alta ou baixa, gorda ou magra, loira ou
morena, de cabelos compridos ou curtos. Ele estava preocupado com atitudes que
manifestassem virtudes do caráter.
“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor
muito excede ao de jóias preciosas”. (Pv.31.10).
Esperar que
alguma moça fosse tirar água do poço seria algo simples e normal naquela
época. Entretanto, Eliezer consideraria
aquela que, além de lhe oferecer água, também desse de beber aos seus dez camelos. Ele pediu algo difícil e improvável, que não
aconteceria por acaso. Dessedentar todos aqueles animais seria uma tarefa
árdua. Um camelo pode viajar durantes dias no deserto sem beber água, mas,
quando bebe, precisa de muitos litros.
Buscar água
no poço era dever das mulheres. Rebeca, porém, estava disposta a fazer muito
mais do que a sua obrigação. Não ficou limitada ao mínimo necessário, mas
procurou fazer o máximo que estava ao seu alcance.
O texto diz
que ela serviu a água “prontamente” (Gn.24.18, 46), demonstrando qualidades
desejáveis numa esposa: bondade, iniciativa, prestatividade e disposição para o
trabalho (Gn.24.14). A moça realizou a tarefa até o fim, não parando diante da
dificuldade ou por preguiça.
A VIRGINDADE
Além das
qualidades já mencionadas, Rebeca era formosa e virgem (Gn.24.16). A virgindade
demonstra que a moça soube esperar pelo tempo certo para iniciar sua vida
sexual. É verdade que muitas pessoas, quando se convertem, já viveram muitas
experiências sexuais fora do matrimônio.
Deus as perdoa e purifica.
Entretanto, aqueles que servem ao Senhor e ainda são virgens, sejam
homens ou mulheres, têm a grande honra e dever de se preservarem para o casamento,
evitando que, no futuro, tenham que lutar contra lembranças, mágoas, sentimentos
de inferioridade, elementos de comparação e outras consequências negativas.
“Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a
vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (ITss.4.3).
A virgindade
perdeu o seu valor na sociedade moderna. Contudo, os valores do cristão devem
ser regidos pela palavra de Deus e não pelo mundo.
Se Isaque e
Rebeca tivessem relacionamentos anteriores com outras pessoas, talvez a união
dos dois não viesse a ser concretizada.
Vínculos errados podem se tornar empecilhos para as uniões legítimas.
A ESCOLHA
A esposa de
Isaque não foi escolhida por ele, nem por Abraão, nem por Eliezer, mas por
Deus. Acabou-se o livre-arbítrio? De modo nenhum (ICo.7.39). O texto mostra, claramente, que Rebeca teve
a oportunidade de manifestar sua vontade. Se ela não quisesse, não seria
forçada a se casar com Isaque (Gn.24. 7, 8, 12, 27, 50, 58). Isaque também não seria obrigado.
Aquele que
procura uma esposa, ou um marido, é livre para escolher. Entretanto, se a
pessoa permitir, Deus poderá fazer a escolha.
Ele ajuda a quem pede, mas não obriga ninguém.
O ENCONTRO
Rebeca
renunciou à sua família e ao convívio dos pais, viajando com Eliezer em direção
a Canaã. Ali chegando, encontrou-se com
Isaque, que meditava no campo. Os dois se conheceram e se uniram em amor.
Assim, Isaque foi consolado pela perda de sua mãe (Gn.24.67). Daquela união nasceram dois filhos: Jacó e
Esaú, dos quais duas nações se formaram, dando continuidade ao cumprimento da
promessa de Deus a Abraão.
Ótimo Estudo !
ResponderExcluirMuito bom o estudo
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