"E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em
graça para com Deus e os homens" (Lc.2.52).
Pouco se sabe sobre a infância de Cristo, mas ficou registrado
que o seu crescimento era pleno e saudável (Lc.1.80; 2.40). O crescimento humano precisa ser físico,
intelectual, social, emocional, espiritual etc. O crescimento parcial pode ser
trágico. As atrofias mais evidentes são físicas e mentais. Entretanto existem outras, como, por exemplo: Teoria
sem prática; trabalho sem conhecimento; conhecimento sem caráter; riqueza sem
prudência; poder sem amor; autoridade sem sabedoria ou zelo sem entendimento
(Rm.10.2). Algumas dessas combinações
podem ser perigosas como aceleração sem freio. De situações assim surge o
radicalismo e os abusos de toda sorte.
O problema se agrava porque alguns tipos de crescimento causam
orgulho, arrogância e uma ilusória satisfação, dificultando cada vez mais o
desejável equilíbrio. O resultado pode ser o fracasso ou mesmo a prática de
tolices e crimes. Por isso, a bíblia apresenta requisitos para a nomeação de
líderes, procurando evitar que a ascensão hierárquica seja incompatível com as
condições pessoais (ITm.3.5-6).
Precisamos crescer em vários aspectos e não apenas em um.
É fácil reconhecer a importância do crescimento, mas não devemos
pensar que ele aconteça naturalmente ou por acaso. Assim como o corpo precisa
do alimento para crescer, o mesmo ocorre nos demais aspectos do ser humano,
cuja "alimentação" envolve dedicação e investimentos de vários tipos,
primeiro da família, depois do indivíduo.
Um fator muito importante neste assunto é o tempo. Os pais
sempre avaliam o crescimento dos filhos em função da idade. Existe uma
expectativa proporcional ao tempo. Não é razoável que alguém seja velho e
imaturo, mas é possível, principalmente nas questões de fé.
Embora não possamos determinar prazos rígidos para a
apresentação de certos resultados, a bíblia nos dá alguns exemplos que podem
servir como parâmetros. Aos 12 anos, Jesus já estava preparado para discutir
com os doutores da lei. Sua divindade não nos serve como argumento de escape,
pois todo judeu deve ser exímio conhecedor da lei por volta da mesma idade. Por
extensão, concluímos que as crianças e jovens cristãos têm o dever se crescerem
no conhecimento da palavra de Deus e não apenas na cultura mundana que se busca
com tanto afinco.
Quanto tempo será necessário para a formação de um líder? É
difícil determinar, mas vejamos alguns exemplos: Daniel e seus amigos, depois
da formação judaica padrão, foram preparados durante 3 anos para serem
assessores do rei Nabucodonosor (Dn.1.5). No mesmo prazo, foram formados os
apóstolos de Cristo. Este foi o tempo aproximado entre o "vinde" e o
"ide" (Mt.4.19; Mt.28.19). Portanto, com 3 anos de conversão, é
possível e desejável que o crente jovem ou adulto tenha lido toda a bíblia e
esteja pronto para exercer um ministério na igreja de acordo com o dom que Deus
lhe deu. Curiosamente, os israelitas eram proibidos de comerem os frutos
produzidos nos 3 primeiros anos de qualquer árvore (Lv.19.23).
Além do crescimento físico, valorizamos muito o crescimento
profissional e patrimonial, mas não podemos nos esquecer do crescimento
espiritual. Jesus disse: "De que
adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma"?
(Mt.16.26). Por isso, é importante a
nossa dedicação a Deus, procurando conhecê-lo, bem como à sua palavra.
A expectativa divina em relação ao nosso crescimento espiritual
pode ser percebida nas seguintes passagens bíblicas:
"E eu, irmãos, não vos pude falar
como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos
criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora
podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja,
contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os
homens"? (ICo.3.1-3).
"Porque,
devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a
ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis
feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque
qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da
justiça, porque é menino" (Heb.5.12-13).
"E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé,
e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo, Para
que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de
doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulentamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef.4.11-15).
Existe o crescimento exterior e o interior. Um se refere à
forma; o outro, ao conteúdo. A construção de uma casa grande e bonita pode
trazer satisfação. Contudo, se ela permanecer vazia, será inútil, ainda que
tenha valor. Assim também, muitas pessoas crescem em vários aspectos. Depois,
encontram-se grandes, porém vazias. Tal é a situação daqueles que crescem
apenas aos olhos dos homens, mas não aos olhos de Deus. Assim é aquele que tem
sucesso perante o mundo, mas é um fracasso perante sua própria consciência.
Certa vez, Jesus contou uma parábola acerca de um homem rico
cuja lavoura produziu em abundância. Então, resolveu derrubar seus celeiros e
construir outros maiores. Em seguida, disse à sua alma: "come, bebe e folga".
Mas o Senhor lhe disse: "Louco, hoje te pedirão a tua alma; e o que tens
preparado, para quem será"? (Lc.12.16-21). Aquele fazendeiro era visionário e bem sucedido, mas não cuidou
do seu crescimento espiritual. Chegando o dia de partir para a eternidade, não
estava preparado.
Cada um de nós precisa avaliar-se a si mesmo. Em que aspectos
estamos crescendo? Em quais temos sido negligentes? O desejo de Deus é o nosso
crescimento integral, mas, sobretudo, o crescimento espiritual, pois este se
relaciona aos valores eternos.