Estas
expressões indicam atitudes semelhantes, porém distintas. Vamos combinar que o
pessimismo não é característica do cristão. O pessimista cria um clima ruim que
contribui para o fracasso e acaba afastando as pessoas. Entretanto, o otimismo
também não representa a essência do evangelho. Muitos ímpios e ateus também são
otimistas.
O otimismo é
uma atitude positiva diante da vida, até desejável, mas sem fundamento. O
otimismo é vago. É a crença no acaso e na probabilidade de acontecer algo bom.
A fé cristã,
por sua vez, é a crença em Deus e em Cristo, fundamentada na sua palavra e em
nosso compromisso com ele. "Ora, a
fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não
se vêem" (Heb.11.1).
Por exemplo,
um menino de rua pode ser otimista e pensar que alguém vai ajudá-lo, mas o
filho, que tem um pai responsável e provedor, não precisa ser otimista. Ele tem
certeza de que o pai cuidará de tudo (inclusive da sua correção, que pode não
parecer tão ótima).
Há quem
misture fé e otimismo, produzindo uma espécie de triunfalismo, acreditando que
tudo dará sempre certo e da melhor maneira possível, pois, supostamente, Deus
garantiria isso. Costumam usar o texto
de Filipenses 4.13, que diz: "Tudo posso naquele que me fortalece".
Talvez não saibam que Paulo, quando escreveu aquela frase, estava na prisão,
sofrendo por causa do evangelho. Ao escrever "tudo posso", o apóstolo
afirmava que estava pronto para enfrentar todas as situações da vida e do ministério,
fossem boas ou ruins, conforme se lê no versículo 12.
A fé cristã
verdadeira é a crença no cumprimento da vontade de Deus em nós, ainda que, em
alguns aspectos, não seja exatamente o que gostaríamos.
O otimismo
pode criar uma expectativa ilusória, até mesmo diante do perigo iminente,
impedindo ou atrasando uma reação forte e necessária. O otimismo poderia
impedir Noé de construir a arca, mas a fé o conduziu à ação em tempo hábil.
Abraão mandou
que Eliezer buscasse na Mesopotâmia uma esposa para Isaque (Gn.24). O patriarca
não teve uma atitude otimista no sentido de aceitar uma nora cananeia, na falsa
esperança de que o relacionamento desse certo e fosse abençoado por Deus.
Quando
Herodes quis matar o menino Jesus, Maria e José fugiram com ele para o Egito.
Não havia espaço nem tempo para uma atitude otimista, disfarçada de fé. Não seja apenas otimista. Vigie, ore e tome
atitudes certas.
Lendo o livro
de Jeremias, encontramos, no reino de Judá, um povo otimista. Apesar de viverem
na prática do pecado, acreditavam que tudo daria certo pelo fato de cumprirem
suas obrigações religiosas. O profeta disse que não seria assim (Jr.7.1-15). O
pecado abre as portas para o inimigo. Então, a Babilônia invadiu Judá e levou o
povo cativo. Mesmo sendo prisioneiros em terra estranha, aqueles judeus ainda
acreditavam que voltariam em breve para a sua terra. O profeta disse que não,
pois Deus havia determinado um cativeiro de 70 anos (Jr.29.8-10). Vemos,
portanto, que o otimismo pode ser uma crença ingênua e irresponsável, que
desconsidera os princípios divinos, seus planos e seu caráter. Não podemos
associar o pecado ao otimismo, pensando que tudo dará certo pois, afinal de
contas, "Deus é amor". Não nos esqueçamos de que ele também é
justiça.
Certa vez,
Cristo disse aos discípulos que ele seria entregue nas mãos dos pecadores e
seria morto na cruz, mas ressuscitaria ao terceiro dia. Pedro, otimista, disse:
"De modo algum te acontecerá isso" (Mt.16.21-22). Entretanto, aconteceu, pois era o plano de
Deus.
Da mesma forma,
Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome
cada dia a sua cruz e siga-me" (Lc.9.23).
"No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo" (João 16.33). Sejamos
realistas: o caminho do cristão passa, necessariamente, pela cruz. O que nos
conforta e anima é a certeza de que o plano divino não termina na morte, mas
continua na ressurreição e na eternidade.
O otimismo
pode ser útil e bom, mas só a fé ultrapassa os limites da morte e alcança o
terceiro dia.
Quem decidiu
seguir a Cristo não vive ao sabor do acaso, mas de acordo com o propósito de
Deus. O conhecimento desse propósito
vem através das Sagradas Escrituras e da nossa comunhão com o Pai. O otimismo não depende do conhecimento.
Aliás, a própria ignorância lhe é favorável, mas a verdadeira fé depende da
Palavra de Deus (Rm.10.17). Portanto,
leia a bíblia.
O evangelho
não nos ensina a força do pensamento positivo, mas o poder de Deus. A palavra de Cristo para os apóstolos
não era um alimento para o otimismo, mas para a fé. Eles foram alertados para
os percalços da vida cristã e do ministério. Contudo, foram também ensinados a
respeito de uma recompensa eterna que "o olho não viu, o ouvido não ouviu,
nem subiu ao coração humano, mas que Deus tem preparado para aqueles que o
amam" (2Co.2.9).
Pr. Anísio
Renato de Andrade
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