O PODER DA SEMENTE -
Pr. Anísio Renato de Andrade
No capítulo 13 do evangelho de Mateus, encontram-se algumas parábolas de
Jesus. Ele começou falando sobre o semeador. Depois, sobre o joio, o
trigo e o grão de mostarda. Em todos os casos, as sementes são as
figuras principais e se destacam por serem poderosas.
Na primeira parábola, nota-se o poder da multiplicação, que pode chegar a
100 vezes a quantidade inicial, desde que o terreno seja bom. Na
segunda parábola temos sementes boas e más. Na terceira, Jesus afirma
que a menor semente produz a maior planta.
As sementes possuem um poder silencioso capaz de reproduzir,
multiplicar, perpetuar a espécie e frutificar, produzindo alimento. Elas
são, geralmente, pequenas e discretas. Não têm aparência atraente. Não
são coloridas nem perfumadas. Por isso, costumam ser desprezadas. Se
distribuirmos bons frutos, muitas pessoas aceitarão de bom grado, mas,
se oferecermos boas sementes, muitos rejeitarão.
Assim acontece nas nossas vidas. Uma pequena atitude no presente é a
semente do futuro. Boas ações, aparentemente insignificantes, são
desvalorizadas. Maus procedimentos são subestimados como se não fossem
capazes de causar grandes estragos. Ninguém pensa que a cirrose hepática
começa com a primeira cervejinha ou que o câncer no pulmão tem ligação
com o primeiro cigarro.
Em nossas vidas temos o tempo de semear e o tempo de colher. Os mais
jovens estão no tempo da semeadura. Na idade adulta e na velhice,
estarão colhendo o que plantaram durante a juventude. Não seja
negligente ou omisso, adiando demais as decisões que devem ser tomadas.
As sementes precisam ser lançadas no tempo certo.
É muito importante valorizar as sementes que se encontram nas decisões
que tomamos. Uma decisão pode mudar o rumo de uma vida ou de várias
vidas, inclusive dos filhos, mesmo daqueles que ainda virão. Escolha bem
suas sementes. Algumas decisões são muito importantes, como aquelas que
dizem respeito aos relacionamentos, aos estudos e à escolha
profissional. Quem for leviano na questão do namoro, poderá mudar o rumo
de sua história de modo prejudicial.
Para escolher bem as sementes, é preciso conhecê-las. Quem não conhece
deve pedir auxílio a quem já passou pela experiência e tem condições de
aconselhar. Aqui entra o papel dos pais e dos líderes.
Por quê devemos nos preocupar com a qualidade do que semeamos? Porque
sementes lançam raízes profundas e torna-se difícil arrancá-las. Então,
uma atitude despretensiosa pode gerar um compromisso permanente. Por
exemplo, de um namoro sem propósito pode surgir uma gravidez indesejada.
Então, a semente lançou raízes.
Existem situações que, mesmo sendo indevidas no começo, tornam-se
válidas de tal modo que nem Deus deseja sua dissolução. No caso da
gravidez, a opção existe antes e não depois. O aborto é um crime. A
semente não deveria ter sido lançada. Agora, nem Deus quer que a
“planta” seja arrancada.
Somos livres para escolher as sementes que vamos semear, mas não para
escolher o tipo de fruto na hora de colher. A colheita vem e é
obrigatória. A moça que arrumou um namorado no barzinho pode ter depois
um marido alcoólatra.
No tempo de colher, o fruto pode ser bom ou mau ou pode não haver fruto
para quem não semeou. Então, as pessoas reclamam da sorte, acusam a
Deus, culpam os pais, a família, o governo e o destino, mas deveriam
lembrar que a maior responsabilidade é do próprio indivíduo. No tempo
de colher fica muito difícil alterar a realidade que foi mal plantada.
Deus pode mudar histórias e destinos, mas ele nem sempre faz isso.
Portanto, precisamos ser cautelosos na hora de semear.
Algumas sementes têm o poder de produzirem inúmeras colheitas. É o caso
de certas árvores frutíferas que continuam produzindo após a morte de
quem as plantou. Da mesma forma, o mal semeado hoje poderá trazer
consequências numerosas e implacáveis, afetando até as gerações futuras.
Palavras também são sementes. Uma palavra muda uma história. Portanto,
evite a fala ofensiva e destruidora. O semeador, de Mateus 13, é um
pregador que anuncia a palavra de Deus. Receba a divina semente em seu
coração. Leia a bíblia e conheça a vontade do Senhor. Ela tem o poder de
produzir em nós um caráter que agrada a Deus, representado pelo “fruto
do Espírito” que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão e domínio próprio (Gal.5.22).
Esse fruto é para quem? Em primeiro lugar, para você mesmo. Cada um de
nós é o primeiro a usufruir ou sofrer as consequências das sementes que
espalhamos nesta vida. Depois, nossos frutos serão também para o
benefício daqueles que nos rodeiam. Portanto, por amor a Deus, a si
mesmo e ao próximo, semeie somente o bem em todo o tempo.
Pr. Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia
anisiorenato@ig.com.br
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