Em
situações normais, não gostamos de interferências. Queremos ser
independentes e há quem diga, com alguma grosseria, que cada um deve
cuidar apenas da sua própria vida. Entretanto, em caso de aperto e
desespero, as intervenções são muito bem-vindas. Quando a situação
é grave, pedimos socorro à polícia, aos bombeiros, aos vizinhos ou
a qualquer pessoa, mesmo que seja estranha. Se alguém é refém de
criminosos, qualquer auxílio é valioso e uma equipe de resgate é
recebida com grande alegria. As cirurgias também são exemplos de
intervenções, temidas e evitadas, mas desejáveis quando
imprescindíveis.
A
bíblia nos traz diversos exemplos de situações extremas, nas quais
uma intervenção se fazia necessária:
-
Por ocasião da destruição de Sodoma, dois anjos foram enviados
para libertar Ló e a sua família.
-
Quando Daniel estava na cova dos leões, Deus enviou um anjo para
protegê-lo.
-
Quando a escravidão dos israelitas no Egito tornou-se insuportável,
eles clamaram a Deus, que enviou Moisés para livrá-los.
- O
livro de Juízes nos mostra diversas situações de aperto na
história de Israel, quando o povo clamou ao Senhor e ele interveio
através dos seus servos: Otniel, Eúde, Sangar, Débora, Gideão,
Tola, Jair, Jefté, Ebsã, Elom, Abdom e Sansão.
- A
maior intervenção divina na história da humanidade foi a vinda de
Jesus Cristo ao mundo para morrer em nosso lugar e perdoar os nossos
pecados. Durante o seu ministério, ele fez inúmeros milagres, que
também são intervenções na ordem natural das coisas.
Algumas
interferências celestiais ocorrem apenas pela vontade de Deus e no
tempo determinado por ele, mas, em muitos casos, dependem do clamor
humano. Este é um dos fatores que tornam a oração tão importante,
necessária e, quiçá, urgente.
Mas
precisamos ver a quem estamos clamando. Muitos clamam aos líderes,
aos deuses e ídolos, mas devemos
orar ao Senhor. Os israelitas erraram algumas vezes, ao pedirem ajuda
a outras nações, cuja interferência trouxe novos problemas
(2Cr.28.16; Is.31.1-3). Em algumas situações, sobretudo de ordem
espiritual, o socorro humano é vão (Sal.60.11). Certo episódio da
história de Israel ilustra bem este conceito:
“E
sucedeu, depois disto, que Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o
seu exército; e subiu e cercou a Samaria. E houve grande fome em
Samaria, porque eis que a cercaram, até que se vendeu uma cabeça de
um jumento por oitenta peças de prata, e a quarta parte de um cabo
de esterco de pombas por cinco peças de prata. E sucedeu que,
passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou, dizendo: Acode-me, ó
rei, meu senhor. E ele lhe disse: Se o Senhor te não acode, donde te
acudirei eu? Da eira ou do lagar”? (2Rs.6.24-27). Em seguida,
ocorreu a intervenção divina, os inimigos foram vencidos e houve
grande fartura na cidade.
Todavia,
o clamor requer humildade. O arrogante é incapaz de pedir ou
suplicar, pois a sua soberba não lhe permite. É necessário o
reconhecimento da necessidade e da fraqueza, mas os orgulhosos não
clamam, senão em situações extremas. Por isso, Deus permite que
elas ocorram.
É
interessante a experiência de Josafá que, embora fosse rei de Judá,
não se julgou tão grande que dispensasse o auxílio divino. Diante
das ameaças dos inimigos, clamou ao Senhor e recebeu grande
livramento:
“E,
quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pôs emboscadas
contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que
vieram contra Judá, e foram desbaratados” (2Cr.20.22).
Em
alguns casos, Deus não intervém, pois a sua ajuda significaria a
interrupção de um processo necessário como foi, por exemplo, a
crucificação de Jesus. Eu sempre ajudo o meu filho, mas não posso
interferir quando ele está fazendo as provas escolares.
Contudo,
devemos sempre orar, seja por questões pessoais ou coletivas,
lembrando a palavra do Senhor, que diz:
“E
se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e
buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu
ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua
terra” (2Cr.7.14).
Pr.
Anísio Renato de Andrade
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