quinta-feira, 2 de março de 2017

OFERTAS PROIBIDAS



No tabernáculo de Moisés e no templo de Salomão, nem toda oferta era bem-vinda. Afinal, este era um assunto sagrado. A oferta deveria ser pura e santa no que diz respeito à sua procedência e qualidade. Não era permitido que qualquer um fizesse qualquer coisa para Deus de qualquer jeito e em qualquer lugar. Animais imundos não serviam para o holocausto. O que não convém à mesa não convém ao altar. Algumas ofertas financeiras eram proibidas, como se lê na seguinte passagem bíblica: "Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus" (Deuteronômio 23:18). A palavra "salário", usada para o pagamento dos trabalhadores, parece indicar que, já naquele tempo, as prostitutas eram "profissionais do sexo". Mesmo que trouxessem todo o salário como oferta, o mesmo não seria aceito. Nenhum dinheiro compra o perdão. O “sodomita” é o homossexual. A palavra vem de “Sodoma”.
Era uma situação tão grave que era preferível quebrar um eventual voto a trazer esse tipo de contribuição. O texto de Deuteronômio nos mostra que algumas pessoas poderiam querer combinar a vida de pecado com a vida religiosa, como se uma coisa justificasse a outra. O profeta Malaquias também repreendeu os judeus porque, na sua época, eram levados como oferta animais doentes, cegos, aleijados e até roubados (Mal.1). Deus não quer oferta roubada. Haveria uma frase mais óbvia para se dizer? Ele não quer o produto da corrupção. Malaquias 3.10 não serve para justificar dízimos e ofertas do dinheiro sujo. Esse tipo de critério evitaria muitos problemas hoje. Batismo, ceia e oferta são igualmente sérios e assim devem ser tratados. No contexto judaico, um dinheiro ganho com o pecado era maldito, não seria aceito por Deus, pois contaminaria o santuário e os sacerdotes que dali comiam. Façamos uma comparação: Até para doação de sangue existem critérios. Alguns doadores são rejeitados, por maior que seja sua boa vontade. Nem adianta dizer que se vai doar 5 litros. A contaminação deve ser levada a sério. Não temos na bíblia o ensino de que qualquer oferta possa ser santificada pela oração (como acontece com os alimentos). Isto seria a verdadeira lavagem de dinheiro. Se o templo recebesse o salário da prostituta, isto significaria conivência e aprovação da atividade. O problema não está no dinheiro, mas no pecado envolvido. Se não houvesse tal restrição, o efeito contrário poderia ocorrer: o estímulo à prática pecaminosa. No Novo Testamento, Jesus nos ensina a coerência entre a oferta e a vida: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta" (Mateus 5:23,24). Poucos anos depois, os principais sacerdotes seriam protagonistas da maior incoerência da história. Depois de haverem pago 30 moedas de prata pela traição de Judas, não quiseram receber o dinheiro de volta, dizendo: “Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue” (Mateus 27.6). Portanto, aqueles que deveriam ser os guardiões da pureza do templo, tornaram-se a própria fonte da corrupção. O dinheiro não entrou no cofre do templo, mas foi administrado pelos sacerdotes, constituindo, assim, uma espécie de caixa 2. O cofre foi poupado, mas suas mãos e seus corações já estavam contaminados antes disso. No livro de Atos, encontramos uma reação interessante quando alguém ofereceu dinheiro para receber o poder de Deus: "E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro... Mas Pedro disse-lhe: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro" (Atos 8.18,20). E assim, Pedro continuou "sem prata e sem ouro", mas cheio do Espírito Santo. Se Ananias e Safira vivessem hoje, morreriam ao ofertar ou seriam elogiados e honrados? Existe ainda uma espécie de "prostituição espiritual", quando as pessoas se vendem e ficam reféns dos que compram. Então, não podem mais dizer a verdade e vivem na obrigação de agradar e bajular. Esse negócio de achar que o dinheiro é neutro, que “não tem cheiro”, como disse Vespasiano, já derrubou a muitos. Os políticos que o digam. Doação nem sempre é bênção. Por isso, Abraão rejeitou as riquezas do rei de Sodoma (Gn.14) e Eliseu não quis a recompensa de Naamã (2Rs.5). Ninguém precisa investigar a origem do dinheiro ofertado, nem deveria receber tudo de todos como se fosse um coletor de lixo. A ignorância pode ser compreensível, mas algumas vezes é apenas uma desculpa por conveniência. Diante de tudo isto, cabe observar que Deus perdoa, salva e transforma ladrões, prostitutas e homossexuais para que possam trazer o fruto de um trabalho digno diante do Senhor, sendo que a principal oferta que ele deseja é o nosso coração. Pr. Anísio Renato de Andrade

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