Depois de criar
cada coisa, a primeira iniciativa de Deus foi dar-lhes um nome. À luz, Deus
chamou dia e às trevas, noite. Ao firmamento, Deus chamou céu; à porção seca,
terra e às águas, mares (Gn.1.5-10).
Deus deu nome a Adão (Gn.5.2) que, por sua vez, nomeou os animais (Gn.2.20) e também a sua
esposa (Gn.3.20). Até hoje, quando nasce
uma criança, uma das primeiras providências é dar-lhe um nome de acordo com o
que ela é, homem ou mulher. Identificação e identidade são importantes para não
confundirmos as coisas ou as pessoas. A indefinição não é boa.
O próprio Deus
tem vários nomes (Elohim, Javé, Adonai, El-Shaday, etc), os quais foram
surgindo no relato bíblico, sempre relacionados à revelação progressiva da
natureza divina. Diante da sarça
ardente, Moisés perguntou pelo nome do Senhor. A resposta foi “Eu Sou”, um nome
que revela a autossuficiência de Deus.
No Novo
Testamento, somos ensinados a chamar o Senhor de “Pai” e aprendemos também
sobre o nome que está acima de todos os nomes: Jesus, pelo qual somos libertos,
curados e salvos.
Como disse
Salomão, “Melhor é o bom nome do que o precioso perfume” (Ec.7.1). O nome carrega uma história, uma reputação,
sendo motivo de orgulho ou vergonha. Pode representar direito e autoridade,
abrir e fechar portas, tornando-se um patrimônio a ser preservado. Em nossa
sociedade, temos o conceito do nome “limpo” ou “sujo”, que possibilita ou
impede a obtenção de crédito.
Atualmente, os
nomes também podem ser valiosas marcas comerciais, quando relacionados à
excelência de produtos e serviços.
Os nomes
deveriam sempre estar vinculados à identidade, ao caráter e à natureza das
coisas e pessoas, mas, infelizmente, nem sempre é assim. Alguns são enganosos, como acontece com um
cachorro chamado Tigre. Hoje em dia, encontramos homens com nome de mulher e
vice-versa. Na Internet, existe a possiblidade de se utilizar um “nickname” ou
apelido que esconde a identidade, funcionando como proteção ou disfarce.
Precisamos ser
cautelosos, pois muitos rótulos bons podem ocultar um conteúdo ruim ou até venenoso.
A bíblia contém exemplos desse tipo. “Babel” significa “porta de Deus”,
mas era apenas um empreendimento humano.
O nome “Judas” é derivado de “Judá”, que significa “louvor”, mas o
caráter do apóstolo traidor não correspondia ao seu bom nome.
Em nossos dias,
as nomenclaturas são mudadas com o intuito de enganar ou atenuar a gravidade de
alguma coisa. Eufemismos pretendem tornar o pecado mais suave e aparentemente
inofensivo. Um nome novo dribla bloqueios psicológicos e sociais relacionados
ao antigo. Assim, a prostituta tornou-se “garota de programa”;
adultério virou “caso”; roubo é “desvio de verba” e a pornografia chama-se
agora “nudes”. Podem trocar o rótulo da
cachaça, mas a queda do bêbado continua igual.
“Ai dos que ao
mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e
fazem do amargo doce, e do doce amargo” (Isaías 5.20).
Até mesmo uma
religião ou seita pode ter um nome maravilhoso que esconde uma doutrina
maligna.
Além do nosso
nome pessoal, ganhamos ou incorporamos muitos títulos, adjetivos e
substantivos, mas qual é a nossa natureza? Quem somos e o que fazemos? Isto é o que, de fato, interessa.
Detalhe
importante é que ninguém deve dar nome a si mesmo, mas recebê-lo de outrem após
um procedimento natural de reconhecimento. Portanto, a primeira atitude diante
de alguém que se auto-intitula deve ser de desconfiança seguida, talvez, por um
pedido de comprovação.
“Puseste à prova
os que dizem ser apóstolos e não são, e tu os achaste mentirosos” (Ap.2.2).
“Mas tenho
contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, a ensinar e enganar
os meus servos” (Ap.2.20).
Precisamos tomar
cuidado com a ilusória satisfação que os bons títulos proporcionam. Eles podem
ser úteis e necessários, mas não devem nos impressionar, sujeitando-nos a
possíveis enganos. Respeite com cautela e observe. Jesus disse que a árvore boa
produz frutos bons, mas a árvore má produz frutos maus (Mt. 7.15-23). Não
sejamos como algumas árvores que precisam de placas identificadoras, mas
tenhamos bons frutos que testifiquem a nosso respeito.
Triste foi a
situação do líder da igreja de Sardes, sobre o qual o Senhor Jesus disse: “Tens
nome de que vives, mas estás morto” (Ap.3.1).
Contudo, a palavra
de Deus nos traz esperança.
Diante de seu
pai, Jacó disse “Eu sou Esaú”, mas, diante do anjo, precisou confessar “Eu sou
Jacó”, que significa “suplantador”. Precisamos assumir diante do Senhor nossa
natureza e nossos erros. Então, ele pode nos tocar e transformar. Naquele
encontro transformador, o Senhor disse “Não te chamarás mais Jacó,
mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e
prevaleceste” (Gn.32.28).
Da mesma forma,
Deus mudou o nome de outros personagens bíblicos, como Abraão, Sara e Pedro,
demonstrando a mudança realizada em suas vidas.
O propósito do
evangelho é nos transformar, de modo que nos tornemos cada vez mais parecidos
com Jesus. Quando este processo
terminar, receberemos um novo nome, por ocasião da nossa entrada na glória
celestial.
“Quem tem
ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do
maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito,
o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap.2.17).
“A quem vencer,
eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre
ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que
desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (Ap.3.12).
Pr. Anísio Renato
de Andrade