Será que um cristão pode praticá-lo ou
apoiar sua legalização?
Será que a vida humana só começa no
nascimento?
O salmista disse: "Tu és meu Deus
desde o ventre da minha mãe" (Salmo 22.10).
De acordo com a lei, nós temos que
respeitar até os cadáveres, caso contrário cometemos o crime de vilipêndio. Não
haveríamos de respeitar muito mais um feto vivo? O aborto, além de ser pecado,
é um ato de extrema crueldade contra um ser indefeso. Trata-se do pior tipo de
homicídio que existe, pois é cometido pela própria mãe.
Os abortos realizados pelas sociedades
chamadas "civilizadas" não são melhores do que os sacrifícios humanos
dos rituais macabros ou do que o infanticídio praticado por algumas tribos
selvagens.
Ao que chamamos "feto", a bíblia
chama de "criança" (Lc.1.44).
No ventre, a criança já pode ser cheia do
Espírito Santo (Lc.1.15). Notamos, portanto, quanto Deus a valoriza.
No ventre, os profetas eram vocacionados
para o ministério (Is.49.1; Gal.1.15).
Considero que o aborto é errado em toda e
qualquer situação. Se, para salvar a mãe, decide-se matar o feto, continua
sendo homicídio, mesmo que por um motivo forte. Matar em legítima defesa é
compreensível, mas não deixa de ser assassinato.
Em caso de estupro, é natural que a mãe
não queira o filho. Poderá, portanto, conduzi-lo à adoção. Se a mãe não
suportar a gravidez e resolver interrompê-la, ainda assim é homicídio, mesmo
que o motivo seja compreensível. Se não condenamos à morte o estuprador,
deveríamos condenar o filho inocente?
Ainda que o feto não tenha chance de
sobreviver, não nos compete tirar a vida que Deus deu. Que ela dure pelo tempo
que ele quiser, mesmo que sejam meses, dias ou horas.
O que acontece, na maioria das vezes, é
apenas o assassinato em nome do egoísmo. A pessoa mata o filho porque não quer
assumir a responsabilidade que ele representa, não quer arcar com as despesas
ou deseja encobrir o pecado sexual cometido. Quem tiver essa dificuldade evite
a gravidez, por meio de métodos não abortivos, ou evite o sexo.
Vivemos numa sociedade onde cortar uma
árvore ou matar um morcego são crimes ambientais. O aborto de um ser humano,
porém, está deixando de ser crime em vários países. Este é um exemplo claro da
inversão de valores que estamos vivenciando. Todavia, a pretensa legalização do
pecado não muda a situação diante de Deus, pois o Tribunal de Cristo não é
regido pela legislação humana.
Hoje em dia, muita gente é semelhante ao
profeta Jonas, que tinha compaixão de um pé de abóbora, mas não de um ser
humano.
Aos que já praticaram o aborto, mas se
arrependeram, Deus está pronto a perdoar. O amor de Deus é maior do que o
pecado humano. Entretanto, a bondade divina não deve ser usada como álibi para
a prática do mal, pois situações desse tipo podem marcar a consciência e a memória
por toda a vida.
A ideia ou desejo de abortar não deve
sequer ser pronunciada, a não ser que se esteja buscando ajuda para a solução
do problema, pois, mesmo que o ato não se concretize, a simples informação
causará profundo e grave sentimento de rejeição no filho, caso chegue ao seu
conhecimento em qualquer época da sua vida.
Por uma questão de coerência, quem defende
o direito dos pais matarem os filhos deveria também defender o direito dos
filhos matarem os pais.
Pr. Anísio Renato de Andrade